O SUPER CRENTE

"... , fortalecei-vos no Senhor e

na força do seu poder".

Efésios 6.10.

Nós vivemos tempos de apostasia e por outro lado permeia na cristandade uma idéia que devemos ser super cristãos. Nos acostumamos com a idéia de super heróis desde a nossa infância. Este é um dos grandes males que encontramos, que se o Senhor não desarraigar, será de grande sofrimento para nós.

Não somos fortes, nem invencíveis, nem capazes, e nem sábios em nós mesmos. Antes, somos loucos, fracos, insensatos, ignóbeis, desprezíveis, isto é, somos menos do que nada, como uma coisa vã (Isaías 40.17). Mas foram estes que o Senhor escolheu para neles mostrar o seu poder e ser glorificado: "Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele" I Coríntios 1.27-28.

Somos menos do que nada, mas gostamos de nos gloriar em nossa justiça e santidade; em nossa saúde e prosperidade. Somos como uma coisa vã, mas nos gloriamos em nossa fé, e em nossos conhecimentos e revelações da Palavra. Tanto é assim que julgamos ou desprezamos aqueles que não a possuem.

Senhor, tenha misericórdia de nós. Abra os nossos olhos para vermos quão miseráveis somos em nós mesmos, e quão ricos somos em Cristo. Abra os meus olhos para que me glorie somente naquele que me mantém em pé e imaculado diante da Sua Glória, a quem pertence toda a glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, e agora, e para todo o sempre. Amém (Judas 24).

Se formos super cristãos, jamais necessitaremos dos outros irmãos, da Sua Igreja. Ao contrário, seremos nós o referencial para os outros. Somente na Igreja, na soma da vida de Cristo em cada um dos irmãos, é que encontraremos a perfeição (Romanos 12.3-8). Senhor abra os meus olhos para que eu veja quanto necessito de ti nos meus irmãos.

Se temos encontrado alguma força, fé, sabedoria, santidade ou qualquer coisa semelhante, em nós ou em qualquer outro irmão não é nós ou ele, mas Cristo em nós e nele. Caso isto não seja claro a nós, o Senhor nos levará, muitas vezes por vias dolorosas, para que conheçamos a nossa fraqueza.

Graças ao Senhor por nossa loucura, fraqueza, e insensatez, porque é em nossa fraqueza que o poder de Deus se aperfeiçoa. É em nossa impotência que Cristo é glorificado. É em nossa impossibilidade que a Sua Graça nos basta. Amém. Bendito seja o nosso Senhor Jesus Cristo, fortaleza e vida, minha e sua meu irmão.

Um vaso de alabastro

"Ele serviu na obscuridade com seus olhos no seu Mestre. O sorriso do seu Senhor é o suficiente para ele."

C. H. Mackintosh

É indispensável trazer na mente nestes dias altamente ocupados e de atividades sem descanso, que Deus olha para tudo a partir de um único ponto de vista, avalia tudo por uma única regra, prova tudo por um único critério, e este critério, que governa Seu ponto de vista é Cristo. Ele valoriza as coisas segundo as mais próximas elas podem estar conectadas com o Filho do Seu Amor, e nada além. Tudo é feito para Cristo, tudo que é feito por Ele é precioso para Deus. Tudo mais é sem valor. Muito serviço pode ser realizado e uma grande porção de louvor pode ser oferecida através de lábios humanos, mas quando Deus o analisa, Ele irá buscar somente uma coisa e é medindo o quanto este serviço está conectado à Cristo. Sua grande questão será: este serviço foi realizado em e para o Nome de Jesus? Se for, ele foi aprovado e recompensado; se não, será rejeitado e queimado. Não importa o que os homens possam pensar sobre um trabalho específico. Eles podem ser elogiados sobejamente por algo que estejam fazendo; eles podem ostentar seu nome nos jornais; eles podem fazer do seu nome o assunto no seu círculo de amigos; eles podem ter um grande nome como pregador, mestre, escritor, filantrópico, reformador moral, mas se não pode conectar seu trabalho com o nome de Jesus - se este não é feito para Ele e para a Sua glória - se não é fruto do constrangimento do amor de Cristo, será todo soprado fora como a palha do chão da debulha de verão, e cair no esquecimento. Um homem pode procurar um silencioso, humilde, modesto serviço, desconhecido e não noticiado. Seu nome pode nunca ser ouvido, seu trabalho pode nunca ser reconhecido, mas o que foi feito, foi feito simplesmente por amor a Cristo. Ele serviu na obscuridade com seus olhos no seu Mestre. O sorriso do seu Senhor é o suficiente para ele. Ele não pensou em nenhum momento em receber a aprovação dos homens; ele nunca procurou cativar o sorriso do homem ou evitar a sua censura; Ele tem procurado padronizar o sentido do seu caminho, simplesmente olhando para Cristo a agindo para Ele. Seu serviço irá permanecer. Este será lembrado e recompensado, porém ele não faz o serviço pensando na lembrança e na recompensa, mas simplesmente por amor a Cristo. Este é o serviço correto, a moeda genuína que irá subsistir ao fogo do dia do Senhor. O pensamento de tudo isto é muito solene, e também muito reconfortante. É solene para aqueles que servem segundo um padrão aos olhos dos seus seguidores, mas reconfortante para todos aqueles que servem sob os olhos do seu Senhor. Esta é uma impronunciável misericórdia ser salvo do tempo da servidão, do espírito de agradar a homens presente hoje em dia e ser permitido andar diante do Senhor - poder iniciar, executar e concluir nossos serviços Nele. Vamos analisar a mais amável e tocante ilustração sobre isto, nos apresentada na “casa do Simão o leproso” e registrada em Mateus 26. “Jesus esta em Betânia, na casa de Simão o leproso, então veio até Ele uma mulher possuindo um vaso de alabastro contendo um ungüento de grande valor, e derramou sobre a sua cabeça quando Ele estava sentado à mesa”. Se nós perguntássemos para essa mulher enquanto ela caminhava em direção a casa de Simão, para que é isto? É para ostentar a excelência do perfume deste ungüento ou o material e forma da caixa do alabastro? É para obter o louvor dos homens pelo seu ato? É para alcançar um grande nome pela extraordinária devoção a Cristo no meio do pequeno grupo de amigos pessoais do Salvador? Não, caro leitor, não é para nenhuma destas coisas. Como nós sabemos disto? Por causa do Deus altíssimo, o Criador de todas as coisas, que conhece os mais profundos segredos de todos os corações e a verdadeira motivação de cada ação é exposta, e Ele pesou a ação dela com a balança do santuário e colocou nela o selo de Sua aprovação. Ele estava lá na pessoa de Jesus de Nazaré - Ele o Deus do conhecimento através de quem todas as ações são pesadas. Ele enviou adiante sua ação com uma moeda genuína do reino. Ele não gostaria, não poderia fazer isto se houvesse alguma mistura, qualquer falsa motivação, qualquer pretensão oculta. Seu santo e penetrante olho penetrou as maiores profundezas da alma da mulher. Ele sabia, não somente o que ela havia feito, mas como e porque ela havia feito aquilo, e Ele declarou, “ela praticou uma boa ação para comigo”. Em uma palavra, o próprio Cristo tem o propósito imediato da alma da mulher, e foi isso que valorizou o se ato e elevou o cheiro do ungüento com cheiro suave ao trono de Deus. De modo nenhum ela sabia ou pensava que milhões leriam o registro de sua profunda devoção pessoal. De modo nenhum ela imaginou que seu ato seria gravado pela mão do Mestre nas páginas da eternidade, e nunca ser esquecido. Ela não pensou nisto. Nem tão pouco ela procurou ou sonhou com tamanha notoriedade; se ela tivesse feito assim, teria roubado a beleza do seu ato e desprovido toda a fragrância de seu sacrifício. Mas o abençoado Senhor para quem o ato foi feito, cuidou para que não fosse esquecido. Ele não somente o defendeu naquele momento, mas o transmitiu para o futuro. Isto foi suficiente para o coração daquela mulher. Tendo a aprovação do seu Senhor, ela teve condições de suportar a “indignação” até dos “discípulos” e de ouvir que seu ato foi um “desperdício”. Foi suficiente para ela que o Seu coração foi refrescado. Todo o resto não foi nada por aquilo que tem valor. Ela nunca se preocupou em manter o louvor do homem ou evitar o seu escárnio. Seu único indivisível objetivo do principio ao fim, foi Cristo. Do momento em que ela pegou o vaso de alabastro, até que ela o quebrou e derramou o seu conteúdo sobre Sua sagrada Pessoa, ela pensou somente Nele. Ela teve uma intuição perspectiva do que poderia ser conveniente e agradável ao seu Senhor na solene circunstancia em que Ele estava inserido naquele momento, em com apurado tato ela fez aquilo. Ela nunca considerou o valor do ungüento; ou, se ela considerou, ela sabia que Ele valia dez mil vezes mais. Quanto “aos pobres”, eles possuem o seu próprio lugar e suas suplicas também, mas ela sentiu que Jesus era mais para ela do que todos os pobres do mundo. Em resumo, o coração da mulher estava cheio de Cristo, e foi isto que caracterizou o seu ato. Outros poderiam pronunciar que era um “desperdício”, mas nós podemos descansar seguros sabendo que nada que é gasto para Cristo é um desperdício. Então a mulher julgou, e ela estava certa. Para honrá-lo naquele momento em que o mundo e o inferno estavam se levantando contra Ele, este era o maior serviço que um homem ou anjo poderia executar. Ele estava indo para ser oferecido. As sombras estavam se estendendo, as trevas estavam se intensificando, a escuridão crescendo. A cruz com todos os seus horrores estava mais próxima; esta mulher se antecipou a todos e ungiu o corpo do seu adorável Senhor. Marque o resultado. Veja como imediatamente o abençoado Senhor veio em sua defesa e a protegeu da indignação e do escárnio daqueles que pensavam saber mais do que ela. “Jesus, porém, conhecendo isto, disse-lhes: Por que afligis esta mulher? Pois ela praticou uma boa ação para comigo. Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre. Ora, derramando ela este ungüento sobre o meu corpo, fe-lo preparando-me para o meu enterramento. Em verdade vos digo que, onde quer que evangelho seja pregado, em todo o mundo, também será referido o que ela fez, para memória sua”. Aqui está uma gloriosa defesa na presença de quem toda a indignação humana, escárnios e falta de entendimento deve passar como a neblina da manhã antes do calor do nascer do sol. “Por que afligis esta mulher? Pois ela praticou uma boa ação para comigo”. Isto terminou com todo o resto. Tudo deve ser pesado de acordo com sua conexão com Cristo. Um homem pode andar o mundo inteiro levando seus nobres atos de filantropia; ele pode espalhar com nobreza os frutos do seu grande coração benevolente; ele pode dar todos os seus bens para alimentar os pobres; ele pode ir às últimas conseqüências no tocante a religiosidade e moralidade e não fazer uma única coisa em que Cristo possa dizer, “este foi um bom serviço para Mim”. Caro leitor, seja quem você for ou o quanto você esteja engajado, pondere nisso. Veja que você mantenha os seus olhos diretamente em Cristo em tudo o que você faz. Faça de Jesus o objetivo imediato que cada pequeno serviço, não importa o que. Procure servir de forma que Ele possa dizer, “este foi um bom serviço para Mim”. Não esteja preocupado com os pensamentos dos homens sobre os seus caminhos ou serviços. Não se importe com sua indignação ou sua falta de entendimento, mas derrame o seu vaso de alabastro sobre a pessoa do seu Senhor. Certifique-se que todos os seus atos sejam frutos da apreciação do seu coração a Ele. Então se assegure que Ele irá apreciar o seu serviço e te anunciar junto à assembléia dos anjos. Deste modo é a mulher sobre a qual estamos lendo. Ela pegou seu vaso de alabastro e vez o seu caminho até a casa de Simão o leproso com um único objetivo no seu coração, nomeadamente, Jesus e o que estava a sua frente. Ela esta absorta por Ele. Ela não pensou em mais nada, a não ser o de derramar seu precioso ungüento sobre a Sua cabeça. E como resultado, seu ato chegou até nós através dos registros do Evangelho, unido ao Seu santo Nome. Ninguém pode ler o Evangelho se ler o memorial desta pessoa devotada. Impérios surgiram, floresceram e caíram no esquecimento. Monumentos foram erigidos para comemorar gênios, homens generosos e filantrópicos, e estes monumentos se tornaram um monte de pó, mas o ato desta mulher ainda vive e viverá para sempre. A mão do Mestre erigiu um monumento para ela, que nunca irá perecer. Que possamos ter a graça para imitá-la; e nestes dias onde existe um grande esforço humano em favor da filantropia, que nosso servir, sejam eles quais forem, seja o fruto da apreciação de nossos corações a um distante, rejeitado e crucificado Senhor! Não testa mais profundamente o coração do que a doutrina da cruz - o caminho do rejeitado, crucificado Jesus de Nazaré. Ela prova o coração do homem no mais profundo do seu interior. Se for meramente uma questão religiosa, o homem pode ir muito longe, mas Cristo não é religiosidade. Nós não precisamos ir muito além das linhas reveladas de nosso capítulo (Mt 26) para ver notável prova disto. Olhe para o palácio do sumo sacerdote e que você vê? Uma reunião especial das cabeças e lideres do povo. “Depois os príncipes dos sacerdotes, e os escribas, e os anciãos do povo reuniram-se no palácio do sumo sacerdote que se chamava Caifás”. Aqui vemos a religião em uma forma muito imponente. Nós precisamos lembrar que estes sacerdotes, escribas e anciãos foram estabelecidos pelo professo povo de Deus como os depositários dos ensinos sagrados, assim como a máxima autoridade em todos os assuntos relacionados com a religião e como os assessores perante Deus no sistema que foi estabelecido por Deus nos dias de Moisés. Esta assembléia no palácio de Caifás não era composta por sacerdotes pagãos e profetas da Grécia e Roma, mas pelos professos líderes e guias da nação Judaica. O que eles estavam fazendo nesta reunião solene? Eles “consultaram-se mutuamente para prenderem Jesus com dolo e O matarem”. Caro leitor, pondere nisso. Aqui nós temos homens religiosos, homens que são mestres, homens de peso e com grande influência entres o povo; e também estes homens odiavam a Jesus, e eles se reuniram em conselho para tramar a Sua morte - para prendê-lo com dolo e o matarem. Agora estes homens podem ter falado com você sobre Deus e adoração a Ele, sobre Moisés e a lei, sobre o Sábado e todas as grandes ordenanças e solenidades da religião Judaica. Mas eles odiaram a Jesus. Lembrem-se do fato mais solene. Homens podem ser muito religiosos; eles podem ser guias religiosos e professores de outros e ainda odiar o Cristo de Deus. Esta é uma grande lição para se aprender no palácio de Caifás, o sumo sacerdote. Cristo não é religiosidade; ao contrário, os religiosos mais zelosos normalmente são tristes e veementemente odeiam do Abençoado. Mas, podem dizer, “os tempos mudaram”. Religião está tão intimamente ligada ao Nome de Jesus, que para ser um homem religioso, é necessário ser um servo de Jesus. “Você não poderia mais encontrar ninguém respondendo como no palácio de Caifás.” Isto é mesmo uma realidade? Nós não podemos crer nisto por um momento. O Nome de Jesus é tão odiado hoje no meio dos cristãos como Ele foi odiado no palácio de Caifás. E aqueles que buscarem seguir a Jesus serão odiados da mesma forma. Não precisamos ir muito longe para provar isto. Jesus continua a ser rejeitado no mundo. Onde você irá ouvir o Seu Nome? Onde Ele é um tema bem vindo? Fale Dele onde você for, nas salas de visita dos ricos e elegantes, nos vagões dos trens, nos salões dos cruzeiros, nos cafés ou salões de jantar, em resumo, em qualquer lugar onde os homens freqüentam, e dirão a você, na maioria das vezes, que este tema está fora de propósito. Você pode falar de qualquer outra coisa - política, dinheiro, negócios, prazer, besteiras. Estas coisas estão sempre no propósito, em qualquer lugar; Jesus não está em nenhum lugar. Nós vemos em nossas cidades, com freqüência, ruas sendo interrompidas para a passagem de desfiles, festivais e shows, e eles nunca são molestados, reprovados e impelidos a mudarem de lugar. Mas deixe um homem nestes lugares falar de Jesus e ele será insultado ou será levado a mudar de lugar e não interferir no tráfego. Em linguagem clara, existe lugar para o diabo em qualquer lugar deste mundo, mas não existe lugar para o Cristo de Deus. O lema do mundo para Cristo é: “Oh! Nem sussurre Seu Nome”.


Mas, graças a Deus, se o que você vê a sua volta são aquelas respostas do palácio do sumo sacerdote, nós também podemos ver aqui ou ali, aquilo que é correspondente com a casa de Simão o leproso. Lá estão, louvado seja Deus, aqueles que amam a Jesus e o consideram digno de receber o vaso de alabastro. Lá estão aqueles que não se envergonham da Sua cruz – aqueles que encontram Nele o seu objetivo mais cativante e que consideram sua principal alegria e maior honra o poder derramar e ser derramado para Ele em qualquer situação. Não é para eles uma questão de serviço, um mecanismo religioso, de correr aqui e ali, ou fazer isto ou aquilo: Não, é Cristo, é estar perto Dele e estar ocupado com Ele; é sentar aos Seus pés e derramar o precioso ungüento do coração verdadeiro sobre Ele. Caro leitor, esteja bem seguro de que este é o segredo do poder em ambos, serviço e testemunho. A correta apreciação do Cristo crucificado é um espargir vivo de tudo que é aceitável para Deus, tanto na vida e conduta individual do cristão como em tudo que ocorre nas assembléias. A genuína união com Cristo e dedicação a Ele deve nos caracterizar pessoalmente e coletivamente, senão nossa vida e história irão provar um pouco do peso do julgamento nos céus, porém este ainda pode ser um julgamento na terra. Nós sabemos que nada pode conceder mais poder moral ao caminhar individual e caráter do que uma intensa devoção à Pessoa de Cristo. Este não é meramente um homem de grande fé, um homem de oração, um estudante que toca profundamente na Palavra, um erudito, um pregador abençoado ou um poderoso escritor. Não, é ser um servo de Cristo.


Assim também deve ser a assembléia; qual é verdadeiro segredo do poder? É o talento, eloqüência, música refinada ou um cerimonial imponente? Não, é o gozo da presença de Cristo. Onde Ele está tudo é luz, vida e poder. Onde Ele não está tudo são trevas, morte e desolação. Uma assembléia onde Cristo não está é uma tumba, ainda que aja uma oratória fascinante, todos os atrativos da música refinada e toda a influencia de um ritual imponente. Todas estas coisas podem ser perfeitas, e ainda os devotos servos de Jesus podem clamar: “Ai de mim! Eles levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram.” Mas, em contrapartida, onde a presença de Jesus é percebida, onde Sua voz é ouvida e onde o Seu verdadeiro toque é sentido, ali há poder e benção, ainda que do ponto de vista humano, tudo possa parecer a mais completa fraqueza.
Que os cristãos se lembrem destas coisas, que ponderem sobre elas, os deixem perceberem que eles estão na presença do Senhor em suas assembléias, e se eles não puderem dizer isso, deixe eles se humilharem e esperar Nele, pois deve haver um motivo para isto. Ele disse, “onde houverem dois ou três reunidos em Meu Nome ali Eu estarei no meio deles” (Mt 18:20). Que nunca se esqueçam disso, para alcançar resultados divinos, deve-se encontrar a condição divina para isso.

Todos devem servir - Watchman Nee

Um ensino prático sobre o serviço dos membros, dirigida aos irmãos que têm responsabilidade na obra e nas igrejas.

Vocês têm que trabalhar até que chegue o dia em que todos os irmãos e irmãs se apresentem para servir, o dia em que todos os santos participem, todos sirvam a Deus, e cada um seja um sacerdote. Então verdadeiramente vocês verão o que é a igreja.

Eu não sei se vocês viram este caminho ou não. Vocês têm que entendê-lo. Tudo depende de vocês. Vocês mesmos devem dar-se a um certo número de pessoas, e eles por sua vez devem dar-se a todos os irmãos e irmãs. Se vocês não podem fazer que todos os irmãos e irmãs se levantem para servir a Deus e para tomar a responsabilidade nos assuntos da igreja, vocês terão fracassado totalmente, em virtude disso não seria a igreja.

Vocês precisam mostrar aos anciões que não importa quanto se esforcem, eles são muito poucos para poder dirigir os assuntos da igreja adequadamente. Eles somente são cuidadores e não devem tratar de fazer tudo sozinhos. Eles não devem substituir à igreja fazendo tudo; pois bem, devem fiscalizar à igreja para que tudo seja feito. Não é uma questão de que eles mesmo façam, mas sim de fiscalizar, observar, encorajar, e lhes ensinar a fazê-lo, e fazer que todos na igreja participem. A partir desse momento vocês terão a realidade da igreja.

Permitam-me dizer algo que tenho dito por muitos anos. Hoje em dia tenho um sentimento particularmente profundo a respeito. O número de pessoas que servem determina o número de pessoas na igreja. Daí que não deve haver mil ou cinco mil irmãos em uma localidade e somente uns tantos servindo. Em um lugar, a quantidade de pessoas que prestam serviço é a quantidade de pessoas na igreja. O número de sacerdotes determina o povo de Deus. Não devemos tolerar que nenhum membro careça de função. Por favor, recorde que você, como membro do corpo de Cristo, tem uma função. Se não entender este princípio básico, não fará um bom trabalho.

Irmãos e irmãs, falando com franqueza, vocês como obreiros e colaboradores, não podem fazer a obra. Isso não é o Novo Testamento, mas sim um sistema de sacerdotes. Nós não temos um sistema de sacerdotes, e sim, um corpo de sacerdotes. Cada um é um sacerdote.

Os de um talento devem servir

Vocês têm o hábito natural de usar somente os que têm dois talentos. A história da igreja sempre foi assim. Os que têm cinco talentos podem avançar por si só; não há necessidade de cuidá-los. Mas os de um só talento é muito difícil lhes ajudar. Uma palavra ou duas, e eles enterram seu talento de novo. Os de dois talentos, são os mais disponíveis. Têm certa habilidade, eles podem fazer bem as coisas, e não enterram seus talentos. Mas se vocês somente podem usar os de dois talentos, e não podem usar os de um talento, fracassaram totalmente.

Tenho dito isto no Fuchou, tenho-o dito também em Shangai, e o direi de novo hoje. O que é a igreja? A igreja é todos os de um talento que devem participar no serviço da igreja, na parte prática e na parte espiritual. Você não pode menear a cabeça e dizer: «Este é inútil», e «Aquele é inútil». Se você disser que este é inútil e que aquele é inútil, a igreja está acabada e você fracassou totalmente. Se você pensar que ele é inútil, ele verdadeiramente será inútil. Você pode dizer-lhe que de acordo a si mesmo, ele presupõe ser inútil, mas que o Senhor lhe deu um talento e deseja que todos os de um talento saiam e negociem. O Senhor pode usá-los. Se você não pode usar os de um talento, isso prova que diante do Senhor você não pode ser um irmão com responsabilidade. Você tem que usar a todos os irmãos e irmãs que são «inúteis». Este é o trabalho dos irmãos que estão na obra. Não devem usar somente os irmãos e irmãs úteis, mas sim também devem fazer que todos os irmãos e irmãs inúteis sejam úteis.

O princípio básico é que o Senhor não deu a ninguém menos de um talento. Na casa do Senhor, não há nem um só servo que não tenha um dom; cada um tem ao menos um talento e não pode ter menos de um talento. Ninguém pode desculpar-se dizendo que o Senhor não lhe deu um talento. Queria que vocês se dessem conta de que todos os filhos de Deus são servos diante dele. Se são filhos, são servos. Em outras palavras, se são membros, têm um dom; se são membros, são ministros. Se pensarmos que há alguém a quem o Senhor não pode usar, não conhecemos nada da graça de Deus absolutamente. Devemos conhecer a graça de Deus tão profundamente que quando Deus chama a alguém seu servo, nunca nos levantemos para dizer que não o é. Hoje, se você pudesse escolher, talvez selecionaria três ou quatro de toda a igreja. Mas Deus diz que todos são servos. Já que Deus diz isto, devemos deixá-los que sirvam.

Irmãos e irmãs, de agora em diante, se prosseguimos em nossa obra ou não, e se esta obra tem êxito ou não, depende do que podemos dizer hoje de nossa obra diante do Senhor. Há somente alguns trabalhando? Há só alguns especialmente dotados fazendo a obra? Ou todos os servos do Senhor participam do serviço e toda a igreja está servindo? Este é todo o problema. Se este problema não pode ser resolvido, não temos nada.

O corpo de Cristo não é uma doutrina, mas sim algo vivo. Todos devemos aprender isto: somente quando todos os membros funcionam, temos o corpo de Cristo. Só quando todos os membros funcionam, tem-se a igreja.

Pregar somente sobre o corpo de Cristo é inútil; devemos deixar que o corpo trabalhe e expresse suas funções. Já que é o corpo de Cristo, não devemos temer que lhe faltem funções. O Senhor deseja que cada membro em cada localidade se levante e sirva.

Se tenho razão, de acordo com o meu discernimento, é possível que a hora tenha chegado. As cartas que recebi de diferentes lugares e as notícias que ouvi de toda parte indicam que hoje em toda parte todos os santos estão preparados para apresentar-se para servir. Deus tem ido adiante de nós; nós devemos seguí-lo.

É meu desejo que nenhum irmão entre nós saia e em vez de guiar os irmãos e irmãs a servir, substitua-os, sendo assim um fracasso. Espero que quando você for a um lugar, no começo guie a oito ou dez para que sirvam, e depois de certo tempo eles guiarão a sessenta, a oitenta, ou a cem para que sirvam ali. Então na próxima visita que você fizer, talvez veja mil ou duas mil pessoas servindo. Isto é o correto. Se você tiver que usar os de cinco talentos reprimindo aos de um talento, você não é servo do Senhor. Você deve fazer que todos os de cinco talentos se levantem e sirvam, e que todos os de dois talentos se levantem e sirvam, e também devem fazer que todos os de um talento se levantem e sirvam. Deve fazer que se levantem e sirvam também aqueles que você pensa que não são úteis. Assim aparecerá a igreja gloriosa.

Em Fuchou preferiria ver todos os camponeses simples servindo, do que três ou cinco irmãos destacáveis pregando. Não admiro aqueles que se sobressaem. Eu gosto dos de um talento. O Senhor poderia nos dar, em sua graça, mais Paulos e mais Pedros, mas não o tem feito. O mundo inteiro está cheio de irmãos e irmãs de um talento. O que faremos com esta gente? Onde vamos pô-los?

Neste treinamento aqui na montanha, se Deus tratar verdadeiramente com nosso eu e com nosso trabalho a tal ponto que saiamos a prover uma maneira para que todos os de um talento sirvam, pela primeira vez a igreja começará a ver o que é o amor fraternal, e Filadélfia aparecerá.

O serviço sacerdotal

Primeiro, devemos estabelecer o princípio de que todos os filhos de Deus são sacerdotes que devem servir a Deus. Tendo em conta este princípio, vejamos como podemos guiar a todos os irmãos e irmãs a ser sacerdotes em uma igreja local.

Em outras palavras, vejamos que classe de reparos devemos fazer no trabalho espiritual a fim de que todos os crentes possam participar das coisas espirituais, tanto os novos crentes como os que conheceram ao Senhor por muitos anos. Precisamos ver quais coisas espirituais em uma igreja local podem ser atendidas pelos irmãos e irmãs.

O primeiro, é a pregação do evangelho. O segundo, visitar os novos crentes trazendo-os pelo caminho reto e lhes mostrando como ser cristãos. O terceiro, na igreja há muitas outras necessidades. Alguns crentes têm dificuldades em suas famílias; alguns têm enfermidades; outros sofrem pobreza; outros têm mortes ou outros acontecimentos em suas famílias. Esta gente também necessita do serviço e da ajuda da igreja. Podemos qualificar tais serviços como visitas aos que estão em situações especiais. Esta é outra coisa que podem fazer todos os irmãos e irmãs. O quarto assunto é o cuidado dos irmãos que se mudaram para longe, e dos que chegaram de outro lugar.

Na Bíblia, a igreja é uma igreja que prega o evangelho, uma igreja que visita às pessoas, e uma igreja que cuida de outros. É o corpo de Cristo em uma localidade. No corpo de Cristo não há membros inativos. Se algum dia pudesse haver um grupo de irmãos ou inclusive uma igreja inteira, em que todos servem, todos cuidam das coisas espirituais adequadamente, todos tomam responsabilidade, e todos estão ocupados, então isso seria o verdadeiro corpo de Cristo.

Se houver uma igreja local com dois mil irmãos e irmãs, e somente quinhentos servem, enquanto mil e quinhentos não o fazem, deveria nos parecer algo estranho. Se houver quinhentos irmãos e irmãs, devem ser, então, quinhentos os que servem; de outra maneira, os irmãos mais responsáveis não poderão agüentar a carga.

O serviço levítico

Há também outra área de serviço, o serviço levítico, que se refere ao serviço dos assuntos práticos. No Antigo Testamento, os levitas lavavam os bezerros, derramavam o sangue, levavam para fora o esterco, ajudavam a esfolar as ofertas e também transportavam o equipamento do tabernáculo. Todas estas coisas são o serviço levítico.

Sem importar que classe de assunto seja, todos devem pôr as mãos nisso. Há muitas coisas que podemos considerar diante do Senhor: o trabalho da limpeza; o acerto do salão e o trabalho de acomodar; a necessidade de encarregar-se do partir do pão e dos batismos; dar aos pobres entre os incrédulos; cuidar dos pobres que há na igreja; a recepção e envio de irmãos; a contabilidade; o serviço da cozinha; a oficina de serviço; o serviço de transporte; o trabalho do escritório; a ajuda aos irmãos pobres em seus afazeres domésticos.

Eu sempre espero que cada irmão e irmã tome encargo pelos assuntos práticos. Nunca permita que exista uma situação onde alguns tenham o que fazer enquanto que outros não estejam fazendo nada. O serviço da igreja sempre é para todos.

Terá que tratar com a carne dos de um talento sem prescindir deles

Se o Senhor puder realmente abrir passagem em nosso meio, o caminho que tomamos nos últimos dez, vinte ou trinta anos será completamente mudado. O ponto de vista de vocês não pode ser o mesmo de antes; tem que ser quebrantado e esmagado.

Primeiramente, vocês não devem usar a um irmão somente porque é útil nem deixá-lo fora se não o for. Na igreja nenhum membro deveria ser deixado fora. Esta não é a maneira que procede o Senhor. Hoje em dia, se o Senhor tiver que recuperar seu testemunho, ele deve fazer que todos os membros de um talento se levantem. Todos os que pertencem ao Senhor são os membros do corpo. Cada um deve levantar-se e deve estar em sua função. Se isto ocorrer, vocês verão a igreja. Hoje em dia, enquanto vocês estão aqui na montanha, considerem cada lugar. Vocês quase têm que dizer: Onde está a igreja? Onde está Cristo? Parece que nem a igreja nem o Senhor estão por aí. Quando saírem para trabalhar, nunca desprezem os membros de um talento, nunca os substituam, nunca os reprimam. Têm que confiar neles de todo coração. Vocês devem fazer que eles trabalhem. Se Deus tem a segurança de chamá-los a ser servos, vocês também devem ter a segurança de chamá-los a ser servos.

Em segundo lugar, na igreja não tememos às atividades carnais. Duas linhas têm que ser estabelecidas na igreja: alguém é a autoridade e a outra é o dom. Todos os de um talento tem que vir e servir, trabalhar e dar fruto. Vocês talvez perguntem: «Se todos os de um talento aparecem com a sua carne e tudo, o que faremos?». Deixem-me dizer-lhes que a carne deve ser tratada, e a maneira de tratá-la é usar a autoridade que representa a Deus.

O dom e a autoridade são duas coisas completamente distintas; o dom é o dom e a autoridade é a autoridade. Os de um talento devem usar seu dom. E com os que são carnais, vocês devem fazer uso da autoridade. Se um irmão permitir que sua carne interfira enquanto está trabalhando, deve dizer-lhe: «Irmão, isso não está bem. Você não deve deixar que sua carne interfira». Digam-lhe: «essa atitude é incorreta. Não permitimos que tenha essa atitude». Quando lhe falarem dessa maneira, no dia seguinte provavelmente ele irá para a sua casa e desde então não fará mais nada. Então vocês têm que buscá-lo e dizer-lhe: «Não, você ainda tem que fazer o trabalho». É possível que a carne surja de novo, mas mesmo assim vocês devem deixar que faça o trabalho. Devem lhe dizer de novo: «Você deve fazer isto, mas não lhe permitimos que faça aquilo». Sempre faça uso da autoridade para tratar com ele.

Esta é a maior prova. Uma vez que o Senhor use aos de um talento, a carne deles imediatamente se misturará. A carne e «um talento» estão unidos. Devemos resistir a carne, mas temos que usar aos de um talento. A situação de hoje em dia é que nós enterramos a carne, eles enterram o talento, e a igreja fica sem nada. Isto não pode acontecer! Temos que fazer uso da autoridade para tratar com a carne, mas também temos que pedir-lhes que manifestem seu talento. Talvez digam: «Se trabalho, não está bem, e se não o faço, tampouco está bem. Então o que farei?». Vocês devem lhes dizer: «É obvio, que se trabalhar e introduzir a carne prejudica; mas se não trabalhar, também prejudica porque enterra o talento. O talento deve entrar, mas não a carne».

Na igreja, pode manter-se a autoridade e pode incluir-se funções de todos os membros, você verá uma igreja gloriosa na terra e o caminho da restauração será fácil. Não sei quantos dias mais o Senhor pôs diante de nós. Creio que nosso caminho será mais e mais claro. Temos que usar todo nosso entendimento e todas as nossas forças para que todos os irmãos e irmãs se levantem para servir. Quando esse tempo chegar, a igreja será manifestada, e o Senhor retornará. Que o Senhor seja misericordioso e tenha graça para conosco, para que façamos o melhor.

Extraido de uma mensagem que o autor deu a obreiros e colaboradores na China, em 1948.