A Vereda do Justo é como a Luz da Aurora

"Aprouve ao Senhor ensinar-me uma verdade, que tem beneficiado a minha vida por
mais de catorze anos. É o seguinte: percebi, muito mais claramente do que antes,
que o assunto mais importante e mais urgente com que tenho de me ocupar a cada
dia é conservar a minha alma muito feliz no Senhor. A primeira coisa com que
devo me preocupar não é tanto o quanto eu posso servir ao Senhor, mas o quanto
eu posso colocar a minha alma num estado de felicidade no Senhor e alimentar o
meu homem interior.

Eu poderia procurar servir ao Senhor pregando a verdade aos incrédulos; poderia
procurar beneficiar os crentes; poderia cuidar de aliviar os oprimidos. Poderia
ainda procurar proceder de tal maneira a me comportar como um filho de Deus
neste mundo, e contudo, por não estar feliz no Senhor e não ser alimentado e
nutrido no meu homem interior dia a dia, tudo isto poderia não ser praticado
corretamente, ou no espírito certo.

Até então a minha prática tinha sido, por pelo menos dez anos antes disso, de
habitualmente me entregar à oração logo depois de me vestir de manhã cedo. Agora
eu vejo que a coisa mais importante que eu deveria fazer era me entregar à
leitura da Palavra de Deus, e nela meditar, de tal maneira que o meu coração
pudesse ser confortado, encorajado, aquecido, reprovado, instruído. Percebi que
assim, através da Palavra de Deus, enquanto meditava nela, o meu coração poderia
ser levado a uma experiência de comunhão com o Senhor.

Comecei, a partir de então, a meditar no texto do Novo Testamento desde o
começo, cedo de manhã. A primeira coisa que eu fiz, depois de pedir em poucas
palavras a bênção do Senhor sobre a Sua preciosa Palavra, foi começar a meditar
na Palavra de Deus, pesquisando em cada versículo para obter dele uma bênção,
não para exercitar o ministério público da Palavra, não para pregar sobre aquilo
que eu estava meditando, mas para obter alimento para a minha própria alma.
Descobri que, como resultado disso, invariavelmente logo depois de alguns
minutos a minha alma era levada à confissão, ou à ação de graças, ou à
intercessão, ou à súplica; de tal modo que, embora eu não tivesse inicialmente
me dedicado à oração e sim à meditação, contudo eu era levado quase
imediatamente de um jeito ou de outro à oração.
Então, quando eu terminava com a minha súplica, ou intercessão, ou ação de
graças ou confissão, eu continuava para os outros versículos, e novamente
mergulhava na oração por mim mesmo ou pelos outros, de acordo com o que me
guiava a Palavra, mas ainda mantendo diante de mim aquele objetivo da minha
meditação, o de obter alimento para a minha alma.

A diferença, então, entre a minha prática anterior e esta atual é isto: antes,
quando eu me levantava, eu começava a orar o mais cedo possível, e geralmente
gastava quase todo o meu tempo até o café da manhã em oração, ou até todo o
tempo. Em todas as ocasiões eu quase invariavelmente começava com oração, a não
ser quando eu sentia a minha alma desnutrida, estéril, casos em que eu lia a
Palavra de Deus para alimento, ou para refrigério, ou para renovação ou
reavivamento do meu homem interior, antes de me entregar à oração propriamente
dita.

Mas qual era o resultado disto? Geralmente eu ficava de joelhos quinze minutos,
ou meia hora, ou até uma hora, antes de alcançar a consciência de estar
recebendo conforto, encorajamento, humildade de espírito, etc., e muitas vezes,
depois de ter sofrido com a divagação da minha mente pelos primeiros dez
minutos, ou quinze, ou até mesmo meia hora, e então somente aí é que eu começava
realmente a orar.

Raramente me acontece isto agora. Com o meu coração alimentado pela verdade,
experimentando uma comunhão real com Deus, eu falo com o meu Pai e com meu Amigo
(por mais vil que eu seja e indigno disto) acerca das coisas que Ele me trouxe
na Sua preciosa Palavra. Muitas vezes eu me admiro agora de que não tenha
percebido isto antes".

Autor: George Müller
Extraído do Jornal Arauto da Sua Vinda - Ano 15 Número 1
Como Estudar a Bíblia

R A Torrey


1. Tenha Tempo Todos os Dias Para Estudar (Salmo 1.2, 3)


A pessoa que, resolutamente, fizer um voto de estudar a Bíblia logo verá que cumprirá esse voto. O estudo diário será fato singular e fará diferença em sua vida. Pouco a pouco, o estudo vai-se transformando em qualidades que você mesmo não perceberá até ter feito o estudo por muito tempo. A quantidade de tempo a ser gasta é você quem deve decidir. Uma hora diária seria melhor, mas muito pode ser feito em quinze minutos. Tenha uma visão a longo prazo sobre esse estudo. Talvez nem todas as sessões de estudo não abra maravilhas para você, mas, com o correr do tempo, verá que tem sido uma boa influência.

2. Estude Mesmo a Bíblia (João 5.39)

Não fique satisfeito com um simples correr de olhos pelas páginas da Bíblia. Examine-a! Leia e releia as passagens para que se aproveite a verdade escondida nas páginas. Examine-as! Faça perguntas e procure as respostas: O que isto significa? O que isto significa para mim? Só tem isso? Procure entendimento pelas palavras diferentes que notar. Pese cada uma. Verifique outros versículos que têm a mesma palavra. Não seja um bebê o tempo todo -- estude você mesmo a Bíblia. Você pode atingir o significado. Forme seu próprio pensamento sobre o assunto.

3. Estude por Tópicos (Jeremias 15.16)

Essa é a maneira mais simples de estudar a Bíblia, é o método que mostra os resultados mais rapidamente. Procure estudar tópicos na Bíblia (por exemplo: justiça ou amor). Não isole seu estudo em uma única parte. Veja o assunto por inteiro. Dessa maneira, saberá tudo o que Deus diz sobre o assunto. Compre ferramentas para ajudarem no estudo, tais como: concordância bíblica, comentários, dicionário bíblico. Não é necessário ler um livro da Bíblia por inteiro para ter-se um estudo pelos tópicos. Use as ferramentas. Procure cada versículo que menciona o seu tópico, seja de cidades (Galiléia, Jerusalém, etc.), de assuntos (oração, amor, arrependimento, lar, paciência, etc.) ou de pessoas (Jesus, Moisés, Pedro, Noé, José, etc.) e logo ficará sabendo muito mais sobre a matéria.

Mas lembre-se:
a. Seja Sistemático - Faça antecipadamente uma lista dos assuntos que quer estudar e estude-os um por um. Inclua vários para não ficar detido apenas em um só.

b. Seja Completo - Não estude só uns poucos versículos. Vá até onde não haja mais o que conhecer.

c. Seja Exato - Entenda realmente as palavras. Anote-as, use um dicionário para entendê-las. Anote o que vem antes e depois, compare com outras passagens similares.

d. Seja Organizado - A informação pode ser boa, mas muitas vezes precisa ser considerada de maneira útil. Escreva em um caderno o que aprende e o que quer aprender. Faça uma lista de perguntas e anote a resposta pelo estudo (1 Coríntios 14.40).

4. Estude por Capítulos (Isaías 28.10-13)

Essa maneira de estudo é a que toma menos tempo. Selecione os capítulos que quer estudar. Não comece por Gênesis, mas talvez João, Atos ou Salmos. Leia o capítulo cinco vezes (uma destas vezes em voz alta). Divida o capítulo em seções e descreva cada seção com um título. Anote os fatos principais na ordem que aconteceram. Anote as pessoas mencionadas e algo que aprendeu sobre elas. Anote as principais lições do capítulo. Procure uma verdade central no capítulo e anote-a. Há um versículo-chave no capítulo? De qual versículo você gostou mais? Marque-o e memorize-o. Coloque um nome no capítulo. Anote assuntos para estudos posteriores. Anote frases ou palavras para estudos posteriores. Anote as novas verdades que aprendeu no capítulo. Anote as coisas que aprendeu, as verdades que já conhecia e viu no capítulo. O que mudou na sua vida graças ao estudo do capítulo?

5. Estude a Bíblia por Ela Ser a Palavra de Deus (1 Tessalonicenses 2.13)

Desenvolva um maior desejo de conhecer a Bíblia, mais do que por outro livro qualquer. Aceite o que ela ensina, mesmo sem entender tudo ou concordar com todo assunto que estudou. Tenha confiança no que ela diz. Obedeça ao que aprende dela (Mateus 7.24, 25). Seja atento para ouvir a Deus por meio dela. O estudo da Palavra de Deus é tempo gasto com Deus.

6. Estude com Oração (Filipenses 4.6)

Antes de começar o estudo, ore. Durante o estudo, procure a Deus pela oração. Depois de estudar, entre em oração. É Deus quem explica o que vai ser estudado (1 Coríntios 2.15, 16). Peça graça para aceitar a verdade que não entende. Peça a graça de Deus para eliminar da mente e da crença o que não é verdadeiro. Deus está sempre presente.

7. Procure por Cristo (Lucas 24.27)

No estudo da Palavra de Deus procure pelo Filho de Deus em cada página. A Bíblia tem como tema central a exaltação de Jesus Cristo. Por Cristo, o Pai é exaltado sempre. Anote onde você encontra Cristo.

8. Use os Momentos Livres (Efésios 5.16; Colossenses 4.5)

Nem sempre é fácil estudar a Bíblia, mas podemos achar tempo nas salas de espera, nas filas e nos pontos de ônibus, nos minutos vagos entre atividades (refeições, banho, etc.). Tenha sempre consigo uma Bíblia ou um Novo Testamento ou uma folha com seu estudo. Leia, anote um pensamento, continue a aprendizagem.

9. Grave o que Aprender (Salmo 119.11)

Lembre-se da referência da verdade aprendida (o "endereço" dela). Anote o versículo principal e memorize-o. Ensine a verdade aprendida aos outros. Aplique as verdades a sua vida.
O pecado mais resistente
A. W. Tozer

“Os querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos”

O desejo de aprovação social é um dos pecados pessoais menos repulsivos. Ele não carrega consigo nenhuma das qualidades ofensivas, por exemplo, do amor-próprio ou da justiça-própria. Sob certas circunstâncias, poderia ser até mesmo uma virtude, pois se o mundo fosse habitado por homens e mulheres de coração puro e vida santa, seria correto e natural desejar viver de tal forma que merecesse a aprovação deles. Não há dúvida de que os seres santos que habitam o mundo espiritual se regozijam no amor e no respeito dos seus semelhantes, mas não existe nem se pode fazer nenhum paralelo entre o céu e a terra. Nós vivemos num mundo a meio caminho entre o céu e o inferno.

No inferno existe somente o mal; no céu, somente o bem; na terra, joio e trigo crescem lado a lado, e o joio é muitas vezes mais numeroso do que o trigo. Houve pelo menos um período na história do mundo quando os justos podiam ser contados nos dedos de ambas as mãos, sem contar os polegares, e as palavras de Cristo nos dão forte razão para crer que a proporção entre bons e maus não será muito diferente no final dos tempos (Mt 24.37-39; Lc 17.26-30).

A natureza humana é tão corrupta, a raça humana é tão ímpia e rebelde, que o verdadeiro amigo de Deus não será aceito pelo mundo, embora às vezes aconteça de ser elogiado por trazer algum benefício à sociedade, como, por exemplo, David Livingstone, que desbravou o interior da África. Mas quanto mais parecidos com Cristo os homens se tornarem, tanto mais sentirão a força das palavras do nosso Senhor: “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia” (Jo 15.19); e as palavras de Paulo: “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Tm 3.12).

Ser um verdadeiro cristão exige privar-se da aprovação do mundo. Contudo, somos tão humanos que esse desejo de agradar aos nossos semelhantes perdura conosco muito tempo depois que outros pecados já foram despachados. A maioria das vezes lidamos com o assunto estreitando o círculo das pessoas de quem buscamos aprovação. Consideramos o pecador mundano como impossível de agradar, e não nos preocupamos se ele nos aprova ou não. Junto com ele despachamos o liberal, o modernista, o cultista e uma multidão de outros como eles. Aí começamos a nos congratular: nós “não tememos homem algum”, somos destemidos cristãos que carregam a cruz, não nos importamos nem com a censura nem com o louvor dos homens. Talvez sim, mas onde está o cristão que de fato está morto para a opinião pública? A maior parte das vezes estamos mortos apenas para a opinião de certos setores do público, e nos guardamos para outros grupos menores, cuja opinião de fato ainda valorizamos muito. Tenho percebido como essa tendência percorre toda a sociedade humana. O intelectual zomba do favor da vasta maioria da humanidade, mas avidamente corteja o favor do seu pequeno círculo de colegas intelectuais e sente-se triste quando por eles é desaprovado. A mulher da alta sociedade parece não ligar para a opinião dos milhões que leem sobre as suas duvidosas aventuras, mas será capaz de suicidar-se, se for excluída do estreito mas seleto grupo de cuja estima ela depende como se fosse a sua própria vida e fôlego.

Entre os cristãos as coisas não são muito diferentes. Um pregador obtém a reputação de ser “destemido” no ataque aos liberais, aos católicos, à bebida alcoólica e à imoralidade, mas murmura aos pés do seu próprio pequeno grupo. Ele talvez afronte corajosamente o Papa, mas jamais ousaria cruzar o caminho do diácono endinheirado da sua congregação, nem expressará nenhuma opinião teológica que ele sabe ser contrária à maioria da opinião do grupo religioso a que está associado. Ele está inteiramente disposto a fazer inimigos de quem quer que não aprove as opiniões da sua denominação, mas ele cuidadosamente evitará ofender qualquer um da sua denominação que ocupa algum cargo que possa fazê-lo sofrer por causa de suas opiniões.

Eu não consigo crer na espiritualidade de qualquer cristão que fica de olho na aprovação dos outros, quem quer que sejam. O homem segundo o coração de Deus precisa morrer para a opinião tanto dos seus amigos como dos seus inimigos. Ele precisa estar disposto a crucificar tanto as pessoas importantes como as que não se destacam. Ele precisa estar pronto a repreender o seu superior tão prontamente como o faz com aqueles que estão ao seu próprio nível na hierarquia eclesiástica. Reprovar alguém com o objetivo de obter o favor de outra pessoa não é evidência de coragem moral. Isso acontece o tempo todo no mundo.

Nós nunca estaremos onde deveríamos estar em nossa vida espiritual, até que estejamos tão devotados a Cristo, que não desejamos outra aprovação a não ser o Seu sorriso. Quando estivermos completamente imersos nEle, o frenético esforço de agradar aos homens chegará ao fim. O círculo de pessoas que nos esforçaremos a agradar será reduzido a apenas Um. Aí, então, e nem um momento antes disso, saberemos o que é a verdadeira liberdade.


Fonte: Site Celebrando

AUTORIDADE VS. ESPÍRITO DE LIDERANÇA

"Porquanto os ensinava como tendo

autoridade; e não como os escribas.

Mateus 7.29.



Se observarmos quando várias crianças se reúnem para brincar, uma delas, ou pelo menos duas delas se destacam e tomam o domínio sobre todo o grupo. A princípio, se há mais do que uma no comando, elas lideram juntas, mas logo uma vai querer suplantar a outra. Caso uma não suplante a outra, logo iremos ver dois grupos, liderados por cada uma delas. Isto é chamado pelos psicólogos de 'espírito de liderança'.

Isto é muito claramente encontrado entre as crianças, nos adultos e também entre os denominados cristãos. Mas será que este 'espírito de liderança', tão bem quisto e até desenvolvido no mundo é também aceito no Reino de Deus? Jesus disse: "E houve também entre eles contenda, sobre qual deles parecia ser o maior. E ele lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Mas não sereis vós assim..." Lucas 22.24-25.

Todos aqueles que exercem este tipo de autoridade são até chamados de benfeitores como disse Jesus. No mundo podemos até entender que pensem assim, mas não na Igreja de Jesus Cristo. Este tipo de liderança sempre fez muito mal para a igreja: "Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não nos recebe. Por isso, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja" III João 1.9-10.

Mas se o espírito de liderança não cabe na Igreja de Jesus Cristo, ela poderá existir sem autoridade? A autoridade no Reino de Deus não consiste em nenhum espírito de liderança, mas em falar e ter vida.

Para se ter autoridade é preciso ter testemunho, fazer primeiramente e depois falar: "Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo o que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar" Atos 1.1.

A autoridade de um pastor não está no seu espírito de liderança, mas em sua carreira de fé. É a maneira de viver e não o seu discurso que lhe atribui autoridade: "Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver". Isto é porque não é ele, mas Cristo nele: "Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente" Hebreus 13.7-8.

As ovelhas são um exemplo claro disso. Elas não têm líderes entre elas, apenas ovelhas mais velhas que discernem bem a voz do pastor, e servem de exemplo ao rebanho: "Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho" I Pedro 5.2-3.

Na Igreja de Jesus Cristo não cabe o espírito de liderança, mas homens tratados pela cruz, que possam viver e ensinar, não como líderes, mas como servos, servindo de exemplo ao rebanho.

Nisto sim consiste a verdadeira autoridade: "Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve" Lucas 22.26.

Três tipos do arrebatamento

Nos cruciais dias em que vivemos, muitos esperam que algo extraordinário ocorra. A Bíblia abunda em profecias que permitem concluir que estamos próximos da vinda do Senhor Jesus Cristo para arrebatar a sua igreja. Este acontecimento está prefigurado no Antigo Testamento mediante três personagens: Enoque, Isaque e Ló. Vejamos como eles nos mostram diferentes aspectos deste acontecimento.

Enoque. Em Gênesis Cap. 5 é nominado os primeiros descendentes de Adão. De todos eles é dito que viveram e morreram. Entretanto, do sétimo é dito: "E caminhou Enoque com Deus ... e desapareceu, porque Deus o levou" (v. 22, 24). Enoque foi arrebatado antes do dilúvio acabar com todo ser vivente. É, portanto, um belo tipo dos que não dormirão, mas sim serão "transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos" (1 Cor. 15:51-52).

Isaque e Rebeca. A história de Isaque e Rebeca nos mostra detalhes preciosos do que será o encontro de Cristo e a igreja no rapto. Abraão, pai de Isaque, envia o seu criado a procurar uma esposa para seu filho nas longínquas terras. Este a traz ricamente embelezada. Logo depois de atravessar o deserto, chega onde vive o noivo. Este saiu ao campo para passear e ali a recebe. Em seguida, leva-a para a sua tenda, e ali a ama.

Tal como o criado, o Espírito Santo foi enviado para preparar uma esposa para Cristo. Para esse fim, ele a ataviou com ricas vestimentas e dons, e a traz pelo deserto do mundo até o encontro com o seu Amado. "Logo, nós os que vivemos, os que temos ficado, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens para o encontro do Senhor no ar, e assim estaremos para sempre com o Senhor" (1 Tes. 4:17).

. Este era um homem justo que vivia em Sodoma, afligido pela vida depravada que eles levavam. Até que um dia Deus decidiu destruir a cidade, e enviou dois anjos para que tirassem a Ló da cidade, junto com a sua família. Mas seus genros não fizeram caso, e pereceram. A dureza e incredulidade dos ímpios é tal que tampouco se persuadiriam ainda que alguém se levantasse dos mortos para lhes testemunhar (Lc. 16:31).

Enquanto fugiam de Sodoma, a esposa de Ló olhou para trás, e se tornou numa estátua de sal. Jesus disse: "Lembrem-se da mulher de Ló. Aquele que procura salvar a sua vida, perde-la-á; e todo aquele que a perde, salva-la-á" (Lc. 17:32-33). O exemplo desta mulher nos mostra que nem todos os cristãos serão arrebatados. "Digo-lhes que naquela noite estarão dois em uma cama; um será tomado, e o outro será deixado" (Lc. 17:34).

O Senhor adverte: "Olhem por vós mesmos, para que seus corações não se carreguem de gulodice e embriaguez e dos cuidados da vida, e venha de repente sobre vós aquele dia" (Lc. 21:34). É preciso caminhar com Deus, como fez Enoque, afligir cada dia a alma justa como fazia Ló, e esperar a vinda do Filho de Deus, para ter a felicidade, como Rebeca, de ir ao seu encontro 'no campo'.

A maturidade de Betânia

"Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. Então Maria, tomando uma libra de ungüento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do ungüento" (João 12.2-3).

Betânia era uma aldeia, cerca de 3 kilômetro de Jerusalém, onde moravam Marta, sua irmã Maria e seu irmão Lázaro. Apesar de Jerusalém ser a cidade do Senhor, onde estava o templo que em tudo falava dEle, era em Betânia que Ele encontrava os seus amigos.

O nome Betânia quer dizer: Casa de figos. Em Jerusalém (figurada pela figueira - Mateus 21.19), Ele não encontrou fruto, mas em Betânia sim. Betânia nos mostra claramente também o crescimento da Igreja do Senhor. Na primeira vez que Jesus foi recebido em Betânia, na casa de Marta, Maria e Lázaro, Ele encontrou ali os seus amigos, mas ainda com várias necessidades e muito imaturos (Luc. 10.38-42).

Jesus os amava, por isto os ensinou. Primeiramente a Marta. Ela era muito servil, mas na sua imaturidade queira que Jesus e os outros que estavam com Ele, reconhecessem o seu trabalho. Necessitamos daqueles que servem na Igreja, mas a princípio somos muito infantis, e queremos atenção e reconhecimento do Senhor e de outros pelo nosso trabalho.

Em Lucas 10, Lázaro não é mencionado. Por quê? Na Igreja do Senhor, só é contado aquele que tem a vida da ressurreição. Em João 11, vemos como Jesus deixou que seu amigo morresse, para depois ser ressuscitado. Nós também temos que passar pela morte. Sem morte não há vida em Sua Igreja: "Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer" (I Cor. 15.36); "E ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os sete espíritos de Deus, e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto" (Apoc. 3.1).

A terceira personagem é Maria. Maria estava assentada aos pés de Jesus ouvindo a Sua Palavra. É verdade que a posição de Maria era melhor do que a de seus outros dois irmãos, mas o Senhor nos ensina algo muito importante aqui também. Ele nos ensina aqui também que não podemos estar na Igreja somente assentados aos seus pés ouvindo a Sua Palavra. É necessário também praticá-la. Muitos ouvem, ouvem, mas não as põem por obras: "E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos" (Tiago 1.22).

Em Lucas 10 temos a Igreja do Senhor imatura, mas em João 12 podemos vê-la amadurecida. Marta continuava servindo, mas agora fazendo de coração ao Senhor. Lázaro estava agora assentado com Ele à mesa, e Maria não somente ouvia a Sua Palavra, mas derramou sua vida aos pés de Jesus. Que o Senhor nos faça crescer na graça e no conhecimento dEle, para que Ele encontre em nós uma Betânia amadurecida.

Segredos da Oração Pessoal

Madame Guyon

"Derrama o desejo de seu coração diante do Pai, e espera em silêncio diante dele"

Do coração. "Deve aprender a orar de seu próprio coração e não de sua cabeça. A mente de um homem é tão limitada em sua operação, que só pode enfocar-se sobre um objeto de cada vez, mas a oração que sai do coração não pode ser interrompida pela razão".

Mais fácil que respirar. "Precisamos conhecer como procurar Deus, e isto é mais fácil e mais natural que respirar. Por meio da oração podes viver na presença de Deus com tão pouco esforço, como vives com o ar que agora estás respirando".

A atitude correta. "Derrama o desejo de seu coração diante do Pai, e espera em silêncio diante dele. Sempre deixe um tempo em silêncio ao orar, caso o Pai celestial queira te revelar sua vontade. Venha ao Pai como um filho indefeso, ferido por diversas quedas, destituído da fortaleza para permanecer em pé, ou do poder para te limpar a ti mesmo".

Sem repetições. "Não carregue a ti mesmo com repetição freqüente de formas já feitas ou orações estudadas. É muito melhor ser totalmente conduzido pelo Espírito Santo".

Seca. "Não seja impaciente em seus momentos de seca, espera com paciência a Deus; ao fazer isto, sua vida de oração aumentará e será renovada. Em abandono e contentamento aprenda a esperar a volta de seu Amado".

Entrega. "Uma fé grande produz uma grande entrega. A entrega significa despojar-se de todos os desejos ou preocupações egoístas, com o objetivo de estar totalmente a sua divina disposição. Deve entregar tanto as coisas externas como as internas. Esqueças de ti mesmo; só pense nele. Ao fazê-lo, seu coração permanecerá livre e em paz".

O lactante. "Quando um menino bebe leite de sua mãe, começa movendo sua pequena boca e seus lábios; mas uma vez que seu alimento começa a fluir com abundância, fica quieto tragando sem nenhum esforço. Quem poderia crer que suavemente e sem esforço podemos receber nosso alimento como um bebê recebe seu leite? Entretanto, quanto mais em paz fica um menino, mais alimento recebe. É assim como seu espírito deveria estar na oração, aprazível, relachado e sem esforço".

Indignidade. "Tome cuidado de não deixar que sua mente se detenha muito em sua fraqueza e em seu imerecimento. Estes sentimentos excessivos surgem de uma raiz de orgulho, e de um amor a nossa própria excelência".

Jovens. "Ensina aos jovens a orar, não mediante raciocínio ou método, mas sim por meio da oração que sai do coração, a oração que sai do Espírito de Deus, ao invés do invento do homem. Guiá-los a orar em formas pré-elaboradas criará enormes obstáculos; ao esforçar-te em ensinar-lhes a linguagem refinada da oração, os terá extraviado. E vocês, meninos, falem com seu Pai celestial em sua linguagem natural. Embora seja simples para ti, não o é para ele. Um pai se agrada mais de que lhe falem com amor e respeito, porque vem do coração, ao invés de palavras elaboradas secas e estéreis".