As duas visões de Jesus

O verbo ver nas Escrituras é muito significativo. Na língua portuguesa ver é olhar, fixar os olhos, mas no original grego o verbo ver pode ter vários significados.

João 20: 6-8, nos fala mais claramente sobre isto: "Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis, e que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu".

Quando diz que Pedro viu os panos, o verbo no original grego é teorei. Ali diz que ele contemplou, examinou, mas não pode compreender como aquele lenço podia estar enrolado separado dos lençóis. Quando fala de João, o verbo viu no original é eiden, isto é, ele viu e compreendeu, ele entendeu que Jesus tinha ressuscitado, e então creu. Pedro viu os panos, e formulou várias teorias, mas João teve revelação na sua visão e pode crer.

Mas João teve uma outra visão de Jesus em Apocalipse 1.12:18. Na primeira ele teve uma visão de fé. Os seus olhos foram abertos para crer no Senhor e na obra realizada na cruz. Naquele momento ele somente teve a revelação da Sua ressurreição, mas a segunda viu a Jesus em toda a sua glória. O apóstolo Paulo também teve estas duas visões. A primeira foi no caminho de Damasco; a segunda, quando foi arrebatado ao terceiro céu, onde ouviu coisas inefáveis que ao homem não é digno revelar (II Cor. 12.1-4).

A primeira visão que tivemos, foi para nos dar entendimento pelo Espírito para compreendermos as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus. Coisas que os olhos carnais nunca viram e jamais podiam ver (I Cor. 2.9-13). Mas há a necessidade de outra visão, a de Jesus glorificado. Para vermos isto é necessário outro milagre do Senhor: que Ele nos dê o espírito de sabedoria e de conhecimento. Esta é uma visão que vem pelos olhos espirituais (Ef. 1.17-20).

A cura daquele cego de Betsaida também nos ensina sobre essas duas visões de Jesus (Luc. 8.22-25). A primeira é um milagre real. Fomos regenerados, libertos de nossa natureza perversa e escrava do pecado para andarmos em novidade de vida. Mas será que conseguimos ver o Senhor? Este cego não viu o Senhor. Como este cego, nós também podemos andar um bom tempo não enxergando claramente, vendo apenas os homens e não o Senhor.

Creio que apenas depois de vermos a Jesus, o Cristo exaltado à destra de Deus, com todo o poder nos céus e na terra, iremos fixar os nossos olhos nEle, o autor e consumador da fé (Hebreus 12.2). Só depois disso, iremos fazer como João: cair aos seus pés como morto; negarmos a nós mesmos, tomar a nossa cruz e segui-lo.

Meditação do dia

A superficialidade é a maldição do nosso tempo. A doutrina da satisfação instantânea é o principal problema espiritual. A necesidade desesperada de hoje não é de um número maior de pessoas inteligentes nem de pessoas talentosas, mas de pessoas com profunidade.
Richard Foster
Homem Interior e o Homem Exterior
Christian Chen : Andai no Espírito


“Compreender esse assunto é o segredo da vida cristã frutífera”

O que significa eu interior e eu exterior? "Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia" - (2 Co 4.16). Aqui há duas frases maravilhosas. Nosso homem exterior corrompe-se dia após dia, contudo nosso homem interior renova-se dia a dia. Isso significa que o homem interior corresponde ao nosso eu interior e o homem exterior corresponde ao eu exterior. O corpo e a alma são o homem exterior. Quando alguém toma decisões neste homem exterior de amar ou de odiar, essa decisão está relacionada ao eu exterior. Mas o espírito do homem com o próprio Espírito, ou Espírito Santo e o espírito do homem, são o novo homem.

A Característica do Novo Testamento - o Homem Interior

Segundo a Palavra de Deus, o cristão tem o homem interior e o homem exterior. Na época do Novo Testamento, a característica é o homem interior, porque esta é a época do Espírito Santo. Isso é algo completamente novo, diferente da época do Antigo Testamento. No Novo Testamento, o Espírito Santo foi dado a cada cristão e fez habitação em cada um; se seguirmos Sua liderança, se andarmos no espírito, este homem interior será renovado dia a dia. Que o homem exterior se corrompa a cada dia. Eu fui crucificado, que ele cresça e eu diminua. Esse é o segredo de nosso viver hoje!

Você pode afirmar que faz alguma coisa, que ama seus inimigos, mas você não é você quem ama, ninguém pode amar em seu homem exterior, em seu homem natural; a antiga natureza é incapaz de amar. No entanto, amamos e vivemos, mas esse viver é segundo o Espírito Santo. Demos graças ao Senhor por isso. Os cristãos são como um paradoxo. O cristão tem de viver essa vida o tempo todo. Se seu homem interior estiver sendo renovado dia após dia, ele se tornará cada dia mais forte e crescerá até a maturidade. Maturidade não significa ter uma mente brilhante e conhecer a Bíblia muito bem. Alguém pode até tornar-se professor de Teologia, pode ter uma alma grandiosa, seu homem exterior pode ser grandioso. Mas e seu homem interior? Ele está sendo renovado a cada dia? Isso é muito importante!

Para que Sejais Fortalecidos no Homem Interior

"Para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior" (Ef 3.16). Esse versículo mostra-nos que o homem interior precisa ser fortalecido. A maior parte do tempo nosso homem interior é fraco, mas Paulo ora para que Deus nos conceda que sejamos fortalecidos mediante seu Espírito. Na realidade, Paulo ora para que nosso homem interior seja fortalecido mediante seu Espírito. Nosso homem interior precisa ser fortalecido com poder, e esse poder é um poder interior. Como sabemos disso? Se continuarmos lendo, imediatamente veremos: "Sejais fortalecidos com poder mediante seu Espírito". Então o Espírito Santo que habita em nós nos fortalecerá.

O Capítulo 1 de Efésios fala-nos sobre o poder da ressurreição, o poder da ascensão. Esse poder é maior que o poder da criação, é o poder que ressuscitou Cristo dentre os mortos. E esse mesmo poder fez com que Cristo subisse aos céus. Esse é o poder do qual Paulo fala aqui. Os cristãos precisam desse poder, então o Espírito Santo os fortalece com o poder da ressurreição e da ascensão. Que privilégio nós temos! Que poder habita em nós! Possa nosso homem interior, não o homem exterior, ser fortalecido. Algumas pessoas costumam exibir-se quando tem algum dom, parecem maravilhosas, mas somos todos fracos em nosso homem interior.

A Vida Vitoriosa

Qual será o resultado se o homem interior for fortalecido com o poder da ressurreição e da ascensão por meio do Espírito Santo? Essa pessoa estará sempre na realidade daquele poder, daquela ressurreição; em outras palavras, a vida tragará toda a morte. Mesmo quando tiver problemas físicos, esse poder vivificará seu corpo.

Algumas vezes, por exemplo, quando nos preparamos para ir à reunião de oração, o inimigo nos ataca, então ficamos cansados, não temos desejo de orar. No entanto, se resistirmos ao inimigo, o poder da ressurreição fortalecerá nosso homem interior, a morte será tragada e experimentamos o poder da ascensão, e iremos orar com nossos irmãos. Descobriremos que estamos assentados com Cristo nas regiões celestiais, que todos os problemas estão debaixo de nossos pés. É assim que vivemos uma vida vitoriosa.

A Bíblia diz que seremos arraigados e alicerçados em amor. "Habite Cristo em vosso coração". Cristo habita no espírito do homem, porque Paulo disse: "O Senhor seja com o teu espírito". Não há dúvida que Cristo e o Espírito Santo habitam no espírito do homem. Quando o homem interior é fortalecido, a vida dentro do espírito começa a expandir-se. A alma humana é muito forte, é como uma grande muralha para o Espírito Santo no espírito do homem. É como se o Espírito Santo estivesse dentro de uma prisão, entre paredes. A vida de Cristo deseja sair, deseja alcançar nossa mente, nossa vontade e emoções, mas aquela parede é muito forte. Nosso homem exterior é muito forte, ele recusa ser quebrantado. Mas, graças a Deus, quando nosso homem interior é fortalecido, a vida de Cristo não estará mais aprisionada, poderá ser liberada, e descobriremos que Cristo habita em nosso coração.

Habitação de Cristo no Homem

Leia sua Bíblia com o auxílio de uma concordância e procure o significado da palavra "coração". Coração inclui mente, emoção e vontade e também a consciência do espírito do homem. É no coração que se estabelece a comunicação entre espírito e alma. Quando o homem interior é fortalecido, Cristo não apenas habita no espírito do homem, Ele expande Sua esfera de atuação até a alma. Ele não apenas habita no espírito do homem, mas começa a governar sua alma; em outras palavras, Ele passa habitar em seu coração, faz de seu coração Sua morada. Nosso Senhor não deseja apenas visitar nosso coração, Ele deseja fazer habitação ali. Quando Ele habita em nossos corações, Ele governa nossa mente, emoção e vontade. Dessa forma, nossa alma será transformada, pensaremos, então, como Cristo pensa, amaremos como Cristo ama. Estaremos sendo transformados de glória em glória, transformados à imagem de Cristo.

O Espírito Santo forma Cristo em nós, não apenas no espírito, mas também em nosso coração. Então Ele encontra Seu lugar de habitação e, ao mesmo tempo, nós encontramos nosso lugar de habitação, porque estaremos arraigados e alicerçados em amor. O amor é nosso fundamento. Não apenas Cristo encontrou Seu lar, nós também encontramos o nosso. O fundamento de nossa vida é o amor de Cristo. Esse amor é amplo, profundo e alto. Isso é maturidade.

Hoje é como se Cristo estivesse sem lar; Ele está no espírito do homem, mas está aprisionado porque nossa vontade é muito forte.

Quando dizemos não ao Senhor, é como se Ele estivesse aprisionado por nossa alma, porém se nosso homem interior for fortalecido pelo Espírito, então Cristo expandirá Sua esfera de atuação até nossos corações, transformará nossos corações em Sua moradia. Sabemos que o espírito do homem é o lugar de habitação de nosso Senhor. Será que seu homem interior está suficientemente forte a ponto de o Espírito poder penetrar sua alma e Cristo fazer Sua habitação ali?

Quando Cristo faz Sua habitação ali, nós também encontramos nosso lar. Então encontramos nosso descanso. Descobrimos que nossa casa está arraigada em amor. O amor é o fundamento dessa casa. Essa casa é a casa de Deus, a própria igreja. Com isso, podemos entender quão importante é o homem interior, ele precisa ser renovado dia após dia. Precisamos tomar a nossa cruz a cada dia, esse é o processo de crescimento diário, é assim que crescemos. Nosso crescimento no Senhor é gradual, e nosso homem interior precisa ser fortalecido.

Cristo não apenas estará em nosso espírito, mas poderá habitar em nossos corações para que estejamos alicerçados em amor, um amor que excede todo entendimento. Precisamos conhecer esse amor juntamente com todos os santos, por isso o espírito do homem é muito importante. O homem interior pode crescer até a maturidade e, quando isso acontece, descobrimos que estamos cheios de Cristo, e não encontramos nada de nós mesmos. Isso é maturidade. Que o Senhor fale ao nosso coração.

Azeitonas que Não Foram Espremidas

Azeitonas que não conheceram a pressão,
nunca podem azeite conceder;
Se as uvas escaparem do lagar,
o vinho da alegria nunca pode fluir;
Só sendo triturado é que o nardo
pode difundir sua fragrância.
Recuarei então do sofrimento,
ao qual Teu amor induz?
Cada golpe que sofro, é verdadeiro
ganho para mim;
No lugar daquilo que tiras,
Tu te das a Ti mesmo a mim.

As cordas do meu coração
precisam ser esticadas por Ti,
Para provar a música Divina?
A música mais doce deve vir,
do duro tratamento do Teu amor?
Senhor, não temo qualquer privação,
se eu for atraído a Ti;
Quero me entregar em plena rendição,
pra ver todo o Teu coração de amor.

Estou envergonhado, Senhor,
por buscar, guardar sempre a mim mesmo;
Embora Teu amor tenha feito seu despojamento,
Ainda me senti constrangido por Teu caminho.
Senhor, conforme o Teu prazer,
Completa Tua obra em mim;
Desconsiderando meus sentimentos humanos,
Faça apenas o que Te agrada.

Se Tua mente e a minha foram diferentes,
Segue Teu caminho, Senhor;
Se Teu prazer significa minha tristeza,
ainda assim meu coração dirá: Sim!
É meu profundo desejo Te agradar,
Embora eu possa sofrer perdas;
Mesmo que Teu prazer e glória,
signifiquem que eu suporte a Cruz.

Oh, Te louvarei mesmo chorando,
Mistura-Te com meu cântico;
Tua crescente doçura provoca,
louvores de gratidão o dia todo.
Tu fizeste a Ti mesmo mais precioso,
Do que tudo para mim;
Cresça, Tu Senhor, e eu diminua
Esta é agora minha única súplica.

Autor: Watchman Nee


Conhecendo e Testemunhando

W. H. Griffith Thomas

Então, ele disse: "O Deus de nossos pais, de antemão, te escolheu para conheceres a sua vontade, veres o Justo e ouvires uma voz de sua própria boca, porque terás de ser sua testemunha diante de todos os homens, das cousas que tens visto e ouvido." (Atos 22:14,15)

Quando o Senhor encontrou Saulo de Tarso no caminho para Damasco, Saulo fez duas perguntas ao Senhor: "Quem és tu, Senhor?" e "Que farei, Senhor?" A primeira pergunta expressa o desejo de um conhecimento pessoal daquele que lhe apareceu. A segunda pergunta expressa disposição de fazer a Sua vontade.

Essas duas perguntas, que estavam tão intimamente ligadas por ocasião da conversão do apóstolo Paulo, permaneceram inseparavelmente associadas no restante da sua vida sobre a terra. Assim deve ser na vida de cada cristão. O primeiro passo da vida cristã deve ser seguido por um relacionamento para toda a vida com Aquele que revelou a Si mesmo para nós. A segunda pergunta:"Que farei eu, Senhor?" praticamente resume toda a vida cristã a partir do momento em que uma pessoa se converte ao Senhor. O apóstolo descobriu que o segredo da paz e poder, da satisfação e do serviço reside naquele desejo de, ao longo de toda a vida, conhecer e fazer aquilo que o Senhor Jesus iria lhe revelar.

Em primeiro lugar, temos aqui o propósito divino. Aprouve ao Deus de nossos pais tornar a Sua vontade conhecida a nós. Este é o propósito divino para cada um de nós - que conheçamos a Sua vontade. A vontade de Deus é a primeira e também a última coisa em Sua revelação para nós. Conhecer e fazer a vontade de Deus é tudo. De acordo com o livro de Salmos, o Messias que haveria de vir fez a seguinte declaração: "Eis aqui estou, agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu."

Quando Deus descreve o homem ideal, Ele usa as seguintes palavras:"homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade." A primeira parte da oração-modelo que o Senhor Jesus ensinou a todos os Seus discípulos em todas as gerações está relacionada com o propósito e glória divinos e tem como ponto culminante a declaração: "Seja feita a Tua vontade." Da mesma forma, em relação à salvação da humanidade, está escrito: "Assim, pois, não é da vontade de vosso Pai que pereça um só destes pequeninos." Deus deseja que todos os homens cheguem ao conhecimento pleno da verdade. No que diz respeito à santificação do crente, está escrito: "Pois essa é a vontade de Deus: a vossa santificação." E, com relação ao futuro, à nossa morada celestial, lembramos imediatamente das palavras do Mestre: "Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste...". Sendo assim, em todas as coisas e de todos os pontos de vista, conhecer a vontade de Deus é tudo. A vontade de Deus dá alegria, dignidade, poder e glória para a vida. Como somos encorajados, até mesmo na realização daquelas tarefas que costumamos chamar comuns e triviais, quando percebemos que todas as coisas em nossa vida diária estão, de uma forma ou de outra, incluídas na vontade de Deus!

Há um hino intitulado "Seja feita a Tua vontade", que, apesar de muito bonito, contém uma inverdade, pois apresenta em seus versos um ensino inadequado a respeito da vontade de Deus. Esse hino foi escrito por uma irmã, cuja vida foi caracterizada pelo sofrimento, e nós sabemos que, para esta irmã específica, era da vontade de Deus que ela passasse por aquela experiência de sofrimento. Contudo, de acordo com o ensino da Palavra de Deus, um outro aspecto deve ser considerado: na vontade de Deus estão incluídos tanto a ação quanto o sofrimento. Não precisamos esperar a vinda de "dias melhores" a fim de cantarmos "Seja feita a Tua vontade." Mais do que meramente suportar o sofrimento de acordo com a vontade de Deus, nós podemos, aqui e agora, não somente cantar, mas fazer a vontade de Deus.

É propósito de Deus que nós conheçamos a Sua vontade. Essa deve ter sido uma lição surpreendente para Saulo de Tarso. Ele pensava que conhecia a vontade de Deus. Sendo judeu e membro do Sinédrio, Saulo deveria conhecer a vontade de Deus. No entanto, Ananias, aquele humilde discípulo, foi enviado a Saulo e lhe falou a respeito do "Deus de nossos pais." Saulo estivera equivocado. Ele pensava conhecer a vontade de Deus, mas não a conhecia. Há muitos cristãos hoje em dia que se encontram exatamente nesta mesma posição. É possível que eles sejam cristãos já há muitos anos; talvez eles se sintam orgulhosos do conhecimento que possuem, de sua ortodoxia, de sua participação nas atividades da igreja, da posição que eles ocupam entre os demais irmãos. Contudo, eles ainda não conhecem a vontade de Deus. É possível que esses irmãos venham, durante esta semana, a receber uma tal revelação da vontade de Deus que vai surpreendê-los completamente. "...se não vos tornardes como crianças..." - essa é a condição para conhecermos a vontade de Deus. Mas nós, como Naamã dizemos:"Pensava eu ...", e é exatamente nessa forma de pensar que reside o nosso equívoco. Nós dizemos: "Eu pensava que cristianismo era assim; ou dizemos: "eu pensava que nisso consistia a santidade..." ou ainda: "eu pensava que ser membro da igreja significava agir dessa forma ... eu pensava que a vida cristã, a pregação e a obra eram tais e tais coisas ..." Como Naamã, dizemos: "Pensava eu...!" Talvez, antes ainda que chegue o fim-de-semana, muitos venham a conhecer a vontade de Deus de um modo como nunca a tinham visto anteriormente - o propósito divino passará a ser parte de suas vidas.

Em segundo lugar, temos o plano divino: ver o Justo e ouvir a voz de Sua própria boca. Ouvir a Sua voz para agir de acordo com o propósito divino. Esse era o plano divino. Primeiramente, o contato pessoal com Jesus Cristo - ver o Justo. A visão de Jesus Cristo passaria a ser tudo para Saulo de Tarso ao longo de toda a sua vida. Mas como Saulo deveria ver a Cristo? Como "o Justo!" Sabemos que, às vésperas de Sua crucificação, nosso bendito Senhor falou a Seus discípulos que o Espírito seria enviado a fim de convencer o mundo da justiça "porque eu vou para o Pai." Naquela época, o mundo tinha a impressão que Jesus Cristo era um "injusto" e o mataram. Eles pensavam seriamente que Ele era injusto, um blasfemador e, por isso, o rejeitaram. Mas Deus o levantou de entre os mortos, porque Ele era o Justo. Além disso, ele não poderia ter ido para o Pai caso não fosse justo. Ele disse que o mundo seria convencido do pecado porque: "eu vou para o Pai."

Saulo de Tarso estava plenamente convencido deste fato. E Saulo ouviu a voz lhe dizer:"Eu sou Jesus, o nazareno, a quem tu persegues." Se o Senhor tivesse dito: "Eu sou o Filho de Deus a quem tu persegues, "Saulo poderia responder: "Eu nunca te persegui!" Mas o Senhor disse: "Eu sou Jesus de Nazaré" -- nome este que odeias -- "a quem tu persegues." Assim, foi revelado a Saulo que Jesus de Nazaré estava com o Pai e, portanto, era justo.

Jesus, o Justo -- é apenas um outro modo de dizer: "o Senhor, nossa justiça." Ainda é plano de Deus que cada um de nós tenha contato pessoal com Cristo como o "Senhor, a nossa justiça". A visão do "Senhor, nossa justiça " nos purifica. A visão do "Senhor, nossa justiça" -- nos santifica, nos qualifica e glorifica. Será que você, querido irmão, já teve esta visão? Será que nós já vimos o Senhor como nossa justiça para um passado cheio de culpa? Será que já o vimos como nossa justiça para o presente manchado pelo pecado? Será que o conhemos como nossa justiça tendo em vista um futuro perfeito?

Ver o Justo - eu não tenho dúvida alguma que, durante esta semana, muitos verão o Justo. Eles o verão, talvez, em primeiro lugar para sua justificação e, depois, também o verão para a sua santificação.

É preciso vê-lo para nossa justificação. Não aprenderemos nenhuma lição sobre a santificação a menos que, em primeiro lugar, tenhamos conhecido o Senhor como nossa justiça, para nossa justificação. Romanos 3 e 4 devem vir antes de Romanos 6 a 8. A porta de entrada é a justificação, não a santificação. A ordem divina não é justificação através da santificação, mas o contrário, ou seja, santificação através da justificação, através da visão do "Senhor, a nossa justiça!"

Receber uma comunicação pessoal de Jesus Cristo também era parte do plano - Saulo não deveria apenas ver o Justo, mas também "ouvir a voz do Senhor." Que tremendo golpe isso deve ter sido para o orgulho de Paulo - ouvir a voz de Sua boca, a voz do Nazareno, a voz daquele a quem Saulo estivera perseguindo. Saulo deveria ouvir a voz da vontade de Deus através da voz do Nazareno. Naquela manhã, a caminho de Damasco, Saulo descobriu que havia mais coisas no céu e na terra do que ele, em sua filosofia, jamais havia imaginado. Deus tinha um novo modo de revelar a Sua vontade; Saulo deveria "ouvir a Sua voz." Da mesma forma deve ocorrer hoje. Sem dúvida alguma ouviremos, no decorrer desta semana, muitas palavras de Cristo através de Seus servos. Mas isso não será suficiente. Nós precisamos ouvir a voz da Sua boca, devemos ter contato com Cristo através de Sua Palavra; temos de encontrar-nos com Cristo diretamente, face a face e ouvir a voz de Deus falando pelo Espírito Santo.

Em terceiro lugar, temos o projeto divino : "porque terás de ser sua testemunha diante de todos os homens, das coisas que tens visto e ouvido." Esse é o ponto culminante. O propósito e o plano conduziram a este projeto. O que significa "...terás de ser Sua testemunha"? Ser testemunha não significa ser um juiz. Saulo estivera tentando realizar o trabalho de um juiz, e o resultado foi um desastre. Saulo deveria ser não um eco - vago, vazio e sem utilidade prática, não um filósofo, nem mesmo um teólogo, mas uma "testemunha". Tudo o que Deus nos dá, tudo o que Deus nos diz tem como propósito que sejamos testemunhas de Cristo, dando nosso testemuho acerca dele. Provavelmente nenhuma outra palavra seja usada com tanta freqüência no Novo Testamento a fim de expressar o que o cristão deve ser e fazer.

Uma testemunha - alguém que tem conhecimento direto; uma testemunha - alguém que tem experiência pessoal; uma testemunha - alguém que fala e vive tendo conhecimento obtido através da experiência, alguém que fala e vive fielmente, com franqueza e sempre destemido. Somos pais? Devemos ser testemunhas. Nossa autoridade como pais fracassa na mesma proporção em que não temos autoridade como testemunhas. Somos mestres? Só ensinaremos com autoridade quando o que ensinarmos for resultado de algo que experimentamos pessoalmente. Somos escritores? Nossos escritos devem refletir nossa experiência pessoal. O motivo pelo qual atualmente tantos livros sobre a Bíblia e assuntos teológicos são tão secos, insípidos, sem proveito e não convincentes, é porque eles não têm aquela marca do testemunho pessoal por trás dos aspectos da verdade que desejam apresentar. Somos filósofos - recebemos da parte de Deus habilidade intelectual, capacidade para escrever e falar? Nossa filosofia não terá qualquer utilidade, a menos que seja baseada em experiência pessoal. Somos líderes na igreja ou na comunidade? Deus nos concedeu capacidade para administrar? Tais habilidades de nada servirão a menos que nossa vida esteja permeada com o brilho de algo experimentado pessoalmente.

"Terás de ser sua testemunha". Mas em que cirscunstâncias? "Diante de todos os homens." Nosso primeiro testemunho deve ser em nossa casa. Aqueles que estão mais próximos de nós, nossos familiares, estarão nos observando cuidadosamente. Eles desejarão saber o que o Senhor Jesus é para nós - se nós vimos o Senhor, se nós ouvimos Sua voz.

Também teremos de ser testemunhas em nossa congregação. Deveremos declarar o que Deus fez por nossas almas; seja em nossa pregação, seja em nossa prática na vida e obra da igreja, este grande testemunho pessoal de Cristo deve permear todas as coisas.

Possivelmente teremos de ser testemunhas na cidade em que vivemos, posicionando-nos a favor da moralidade, justiça social e pureza. Tenho absoluta certeza que a expressão "diante de todos os homens" significará para alguns trabalho missionário, o qual consiste basicamente na obra de testemunhar. Não apenas a obras de ensinar e treinar obreiros, mas testemunhar a todos os homens acerca das coisas que temos ouvido e visto. O poder disso é incalculável. Em primeiro lugar, o poder do testemunho pessoal é algo para nós mesmos. O apóstolo Paulo está narrando esta história em Jerusalém muitos anos depois de ter recebido aquela visão, mas à medida em que ele faz o seu relato, aqueles eventos retornam à sua memória tão vivos e cheios de significado quanto no momento em que ocorreram. Assim também deve ser conosco quando olhamos para trás. É possivel que já tenha se passado dez, quinze ou vinte anos desde que nos convertemos, mas nós não devemos ficar vivendo meramente de lembranças. Nós devemos voltar com alegria ao fundamento e aos fatos de nossa experiência pessoal e, nela, encontrar a promessa de todas as coisas em nossa vida cristã. Nós temos de ser capazes de dizer: "Eu sei em quem tenho crido". À medida que contamos a história daquilo que Deus tem sido ao longo de todos aqueles anos, nossa fé será fortalecida, nossa confiança arraigada e alicerçada em Cristo. E, apesar de todas as tentações para duvidar e entrar em desespero, nós olharemos para o Senhor e diremos:

Aquele que experimentou o Espírito do Altíssimo,
Não pode confundir-se, nem dele duvidar ou negá-lo;
Ao contrário, negue, em alto e bom som, o mundo,
Permaneça, pois, ao Seu lado.

Em segundo lugar, o poder do testemunho pessoal é algo para os nossos semelhantes. O testemunho de nossa expêriencia pessoal é um argumento a favor do cristianismo que não pode, de modo algum, ser questionado. Paulo estava em Jerusalém entre seus velhos amigos. Havia uma multidão à sua volta. Seria aquele um momento para " expressar sua eloqüência? ou habilidades pessoais, ou capacidade de argumentar?" Não, Paulo usou aquela oportunidade para uma só coisa: um testemunho pessoal daquilo que Jesus Cristo era para ele. Não há maior inimigo para o cristianismo nos dias de hoje do que uma mera confissão. Não há maior desonra para o cristianismo atualmente do que alguém proclamar-se cristão e, ao mesmo tempo, não viver o cristianismo na vida diária. Não há maior perigo hoje em dia no mundo cristão do que falarmos a favor da Bíblia e, no entanto, negarmos a Bíblia pelo nosso modo de vida. Não há maior empecilho para o cristianismo hoje do que defender a ortodoxia, seja qual ela for e, ao mesmo tempo, negá-la pela secura e indiferença com que defendemos nossa causa.

Oh, este poder do testemunho pessoal - ter o coração cheio do amor de Cristo, a mente saturada com o ensino de Cristo, a consciência sensível à lei de Cristo, ter todo o nosso ser resplandecendo com a graça e amor de nosso Senhor Jesus Cristo! Esse é o propósito de Deus, esse é o plano de Deus para nós.

Quando santidade e serviço estão presentes, então a felicidade necessariamente também estará presente. Assim, nós também devemos conhecer, ver, ouvir e então ser testemunhas. Nós estamos agindo dessa forma? Há pessoas no mundo ao nosso redor que nunca abriram uma Bíblia. Eles nunca leram a Bíblia, mas estão lendo as nossas vidas. Será que as pessoas podem ver Deus em nossas vidas? Elas podem olhar para nós e dizer: "Eis alguém que me lembra a Cristo". Estamos nós permitindo que nossa luz brilhe para que os homens possam ver, não a nós, mas nosso Pai, nosso Salvador em nós; e glorificar, não a nós, mas nosso Pai que está no céu? Esse é o real teste de uma conferência como esta. Portanto, vamos viver na presença de Deus; vamos entregar-nos ao Cristo de Deus; vamos nos manter bem próximos à Palavra de Deus; recebamos em nossos corações a graça de Deus, busquemos a plenitude do Espírito de Deus e, então, vivamos ainda mais intensamente para a glória de Deus.

Como Passar o Dia com Deus

Richard Baxter

"Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus"

Sono

Controle o tempo do seu sono apropriadamente, de modo que você não desperdice as preciosas horas da manhã preguiçosamente em sua cama. O tempo do seu sono deve ser determinado pela sua saúde e labor, e não pelo prazer da preguiça.

Primeiros Pensamentos

Dirijam a Deus os seus primeiros pensamentos ao acordar, elevem a Ele o coração com reverência e gratidão pelo descanso desfrutado durante a noite e confiem-se a Ele no dia que inicia. Familiarizem-se tão consistentemente com isto, até que a consciência de vocês venha a acusá-los quando pensamentos ordinários queiram insurgir em primeiro lugar. Pensem na misericórdia de uma noite de descanso, mal acomodados, padecendo dores e enfermidades, cansados do corpo e da vida. Pensem em quantas almas foram separadas dos seus corpos nesta noite, aterrorizadas por terem que se apresentar diante de Deus, e em quão rapidamente os dias e noites estão passando! Quão rapidamente a última noite e dia de vocês virão! Considerem no que está faltando no preparo da alma de vocês para tal momento e busquem isso sem demora.

Oração


Acostumem-se a orar sozinhos (ou com o cônjuge) antes da oração coletiva em família. Se possível, que isto seja feito antes de qualquer outra ocupação.


Culto Familiar

Realizem o culto familiar consistentemente e em uma hora em que é mais provável que a família não sofra interrupções.

Propósito Básico

Lembrem-se do propósito básico da vida de vocês, e quando estiverem se preparando para trabalhar ou realizar atividade neste mundo, que a inscrição santos para o Senhor esteja gravada no coração de vocês em tudo o que fizerem. Não realizem nenhuma atividade que não possam considerar agradável a Deus, e que não possam verdadeiramente afirmar que Deus a aprova. Não façam nada neste mundo com nenhum outro propósito que não agradar a Deus, glorificá-lO e gozá-lO. O que quer que fizerdes, fazei tudo para a glória de Deus (1 Co 10.31).

Diligência na Vocação

Realizem as tarefas concernentes à ocupação de vocês cuidadosa e diligentemente. Assim fazendo: Vocês demonstrarão que não são preguiçosos e escravos da carne (como aqueles que não podem negar-lhe o comodismo); e estarão mortificando todas as paixões e desejos que são alimentados pelo comodismo e preguiça. Vocês estarão mantendo fora da mente os pensamentos indignos que fervilham nas mentes de pessoas desocupadas.
Vocês não estarão desperdiçando tempo precioso, algo do que pessoas desocupadas se tornam diariamente culpadas. Vocês estarão num caminho de obediência a Deus, enquanto que os preguiçosos estão em constante pecado de omissão. Vocês poderão dispor de mais tempo para empregar em deveres santos se realizarem suas tarefas com diligência. Pessoas desocupadas não têm tempo para os dev eres espirituais, porque desperdiçam tempo demorando-se em seus trabalhos. Vocês poderão esperar bênçãos da parte de Deus e provisões confortáveis para vocês e para as suas famílias.
Isto também pode exercitar o corpo de vocês, o que poderá habilitá-los mais para o serviço da alma.

Tentações e coisas que Corrompem

Estejam perfeitamente familiarizados com as tentações e coisas que tendem a corromper você, e sejam vigilantes o dia todo contra isso. Vocês devem estar alertas especialmente para as tentações que têm se mostrado mais perigosas e cuja presença ou emprego sejam inevitáveis. Estejam alertas contra os pecados mestres da incredulidade: a hipocrisia, a auto-suficiência, o orgulho, o agradar a carne e o prazer excessivo nas coisas terrenas. Tenham cuidado para não se deixarem atrair para uma mente mundana, e para os cuidados excessivos , ou desejos cobiçosos pela abastança, sob a pretensão de serem diligentes no trabalho de vocês. Se tiverem que negociar com outras pessoas, tenham cuidado contra o egoísmo ou qualquer coisa que se assemelhe à injustiça ou falta de caridade. Ao lidar com as pessoas, estejam alertas para não usarem de palavras vãs e desocupadas. Sejam vigilantes também com relação às pessoas que tentam vocês à ira (ou a qualquer tipo de pecado). Mantenham a modéstia e a clareza, no falar, que as leis da pureza requerem. Se tiverem que conviver com bajuladores, sejam vigilantes para não se deixarem inchar de orgulho. Se tiverem de conviver com pessoas que desprezam ou injuriem vocês, resistam contra a impaciência e o orgulho vingativo. No início estas coisas serão muito difíceis, enquanto o pecado for forte em vocês. Mas tão logo tiverem adquirido profunda compreensão do perigoso veneno de qualquer destes pecados, o coração de vocês irá pronta e facilmente evitá-los.

Meditação


Quando estiverem sozinhos nas ocupações de vocês, aprendam a remir o tempo em meditações práticas e benéficas. Meditem na infinita bondade e perfeições de Deus, em Cristo e na obra da redenção, nos céus e em quão indignos são de irem para lá e em como vocês merecem a miséria eterna do inferno.

Remindo o Tempo

Valorizem o tempo de vocês. Sejam mais cuidadosos em não desperdiçá-lo do que o são em não desperdiçar dinheiro. Não permitam que recreações inúteis, conversas vãs e companhias não proveitosas, ou o sono roubem o preciosos tempo de vocês. Sejam mais cuidadosos em escapar das pessoas, ações ou situações da vida que tendem a roubar o tempo de vocês do que o seriam em escapar de ladrões ou salteadores. Certifiquem-se não apenas de não estarem sendo desocupados, mas de estarem usado o tempo de vocês da maneira mais proveitosa possível. Não prefiram um caminho menos proveitosos à um outro de maior proveito.


Comer e Beber

Comam e bebam com moderação e gratidão, para serem saudáveis e não por prazer inútil. Jamais satisfaçam o apetite pela comida ou bebida quando isto tender a fazer mal à saúde de vocês. Lembrem-se do pecado de Sodoma : "Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranqüilidade, teve ela e suas filhas..." (Ez.16:49).
O Apóstolo Paulo chorou quando mencionou aqueles: "cujo destino é a destruição, cujo deus é o ventre, e cuja glória está na infâmia; visto que só se preocupam com as coisas terrenas" (Fp.3:19). Estes são chamados de inimigos da cruz de Cristo (v.1 8). "Porque se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas se pelo Espírito mortificardes os feitos do corpo, certamente vivereis" (Rm 8.13).


Pecados Prevalecentes (queda em pecado)

Se qualquer tentação prevalecer, e vocês vierem a cair em qualquer pecado adicional às deficiências habituais de vocês, lamentem imediatamente e confessem isto a Deus. Arrependam-se rapidamente, custe o que custar. Certamente custará mais ainda continuar no pecado e sem arrependimento. Não façam pouco caso das falhas habituais de vocês, mas confessem-nas e esforcem-se diariamente contra elas, tendo cuidado para não agravá-las pela falta de arrependimento e pelo descaso.

Relacionamentos

Atentes diariamente para os deveres especiais relativos aos vários relacionamentos de vocês, seja na condição de maridos, esposas, filhos, patrões, empregados, pastores cidadãos ou autoridades. Lembrem-se que cada relação tem seus deveres especiais e seus proveitos da realização de algum bem. Deus requer de vocês fidelidade nestes relacionamentos, bem como em quaisquer outros deveres.

Ao Final do Dia

Antes de dormir, é sábio e necessário relembrar as nossas atitudes e misericórdias recebidas durante o dia que termina, de maneira que sejam agradecidos por todas as misericórdias recebidas e humilhados por todos os pecados cometidos. Isto é necessário a fim de que vocês possam renovar o arrependimento bem como ser mais resolutos na obediência, e a fim de que examinem a si mesmos, para ver se a alma de vocês progrediu ou piorou, para ver se o pecado foi diminuído e a graça aumentada; e para avaliar se vocês estão mais preparados para o sofrimento, para a morte e para e eternidade.

Conclusão

Que estas instruções sejam gravadas na mente de vocês e se tornem prática diária nas suas vi das. Se vocês observarem sinceramente estas instruções, elas conduzirão vocês à santidade, à frutificação, à tranqüilidade na vida, e ainda acrescentarão a vocês uma morte confortável e em paz.

Como levar pessoas a Cristo
Lições básicas sobre a vida cristã prática

Watchman Nee


“Aquele que ganha almas é sábio” (Provérbios 11:30).

Olhemos o assunto de como conduzir pessoas ao Senhor a partir de dois ângulos: primeiro, nos aproximando de Deus em favor dos pecadores; e em seguida, nos aproximando dos pecadores da parte de Deus, e a técnica de como conduzir pessoas ao Senhor.

APROXIMANDO-NOS DE DEUS EM FAVOR DOS PECADORES

A oração é básica para a salvação das almas

Existe um princípio fundamental na salvação das almas, e é que, antes de falar com uma pessoa, devemos orar a Deus. Primeiro orarmos ao Senhor e em seguida poderemos falar. É absolutamente necessário interceder diante de Deus em favor da pessoa a quem será falado mais adiante. Se falarmos a ele antes de orar, não obteremos nada.

Portanto, a primeira coisa que devemos fazer é pedir a Deus algumas almas. «Todo o que o Pai me dá, virá a mim...» (João 6.37), disse o Senhor Jesus. E também recordamos como Deus acrescentava cada dia à igreja aos que iam sendo salvo (Atos 2.47). Devemos pedir a Deus pelas almas. Precisamos orar: «Oh Deus, nos dê almas para o Senhor Jesus, acrescente pessoas à igreja». As pessoas são dadas quando as pedimos. Os corações humanos são tão sutis que não se dobram com facilidade. Por isso, devemos orar fervorosamente por uma pessoa antes de lhe falar. A oração é vital. Ora nomeando a aquelas pessoas às quais desejamos conduzir a Cristo, creiamos que Deus as salvará, e então guiá-las ao Senhor.

O maior obstáculo para orar é o pecado

Os novos crentes devem estar especialmente atentos a rejeitar todos os pecados conhecidos. Devemos aprender a viver uma vida santa diante de Deus. Se alguém for permissivo no que se refere ao pecado, a sua oração será impedida completamente. O pecado é um problema grave. Muitos não podem orar porque toleram o pecado em suas vidas. O pecado não só obstruirá as nossas orações, como também fará naufragar a nossa consciência.

Os novos crentes deveriam ver que a questão do pecado deve ser resolvida se querem ser destros na oração. Portanto, deve ter em conta especialmente o valor inapreciável do sangue. Viveram no pecado tanto tempo que não poderão ser totalmente libertados do pecado se são, mesmo que levemente, indulgentes com ele. Precisam confessar um a um os seus pecados diante de Deus, pô-los um a um debaixo do sangue, rejeitar cada um deles, e serem livres deles. Assim a sua consciência será restaurada. Pela purificação do sangue, a consciência é restaurada imediatamente. Com o lavar do sangue, a consciência já não acusa e pode ver naturalmente o rosto de Deus. Nunca permita cair até um ponto em que te tornes fraco diante de Deus, porque então não poderás interceder em favor de outros. Portanto, esta questão do pecado é a primeira coisa que deves atender diariamente. Trate eficientemente com o pecado; então poderás orar sem tropeços diante de Deus e trazer pessoas a Cristo. Se recordares diariamente às pessoas diante do Senhor com fé, logo as ganhará para Cristo.

Orar com fé

Uma vez que os crentes se ocuparam a fundo com os seus pecados e chegaram a manter uma limpa consciência diante de Deus, necessitam de uma ajuda adicional para ver a importância da fé.

Na realidade, a vida de oração dos novos crentes está envolvida essencialmente com a consciência e a fé. Embora a oração seja algo profundo, para os novos crentes é só uma questão de consciência e de fé. Se a sua consciência diante de Deus está limpa, a sua fé será fortalecida com facilidade. E se a sua fé é suficientemente sólida, a sua oração será respondida facilmente. Portanto, é necessário que eles tenham fé.

O que é a fé? É não duvidar quanto está orando. É Deus quem nos impulsiona a orar. É Deus quem nos assegura que podemos orar a ele. Se orarmos, ele não pode senão nos dar uma resposta. Ele diz: «Batei, e abriser-vos-á». Como posso eu bater e ele negar-se a abrir? Ele diz: «Buscai, e achareis». Posso procurar e não encontrar? Ele diz: «Pedi, e vos será dado». É absolutamente impossível que peçamos e não nos dê. Quem nós pensamos que é o nosso Deus? Deveríamos ver quão fiéis e confiáveis são as promessas de Deus.

A fé vem pela palavra de Deus. Porque a palavra de Deus é como dinheiro na mão, que pode ser tomado e ser utilizado. A promessa de Deus é a obra de Deus. A promessa nos diz qual é a obra de Deus, e a obra nos manifesta a promessa de Deus. Se crermos na palavra de Deus e não duvidarmos, habitaremos na fé e veremos quão digno de confiança é tudo o que Deus tem dito. Nossos rogos serão respondidos.

APROXIMANDO-NOS DOS PECADORES DA PARTE DE DEUS

Não basta só orarmos pelos pecadores e irmos diante de Deus em favor deles. Também devemos nos aproximar deles em nome de Deus. Precisamos lhes dizer como Deus é. Muitas pessoas se atrevem a falar com Deus, mas carecem de valor para falar com os homens. Os jovens devem ser treinados para falar com outros com ousadia. Necessitam não apenas orar, mas também oportunidades de falar.

Ao falar com as pessoas, há algumas coisas que devem ser observadas especialmente.

Nunca discuta desnecessariamente

Para falar com as pessoas, necessitamos um pouco de técnica. Acima de tudo, não devemos entrar em discussões desnecessárias. Isto não significa que nunca devemos discutir, porque em Atos encontramos várias instâncias onde houve discussão; até o apóstolo Paulo discutiu. Se você tiver que discutir, argumenta com uma pessoa em benefício de uma terceira pessoa que estiver ouvindo. Mas com aquele a quem desejas ganhar para Cristo, geralmente é preferível não discutir. Não discuta com ele nem argumente para que ele ouça. Por quê? Porque a discussão pode afugentar as pessoas em vez de atraí-las. Precisa mostrar um espírito aprazível; de outro modo, elas fugirão de ti.

Muitos pensam que a discussão pode comover o coração de uma pessoa. Mas não é assim. A argumentação, além disso, traz apenas a sujeição à mente das pessoas. Portanto, é preferível falar menos palavras da nossa mente e em troca testificar mais. Fale-lhes do gozo, da paz e do descanso que experimentaste depois que creste no Senhor Jesus. Estes são fatos que ninguém pode rebater.

Utilizando os fatos

Outro método para conduzir pessoas ao Senhor é utilizar fatos, não doutrinas, enquanto fala. Não é por causa do caráter razoável da doutrina que as pessoas vêm à fé. Muitos vêem a lógica da doutrina, mas mesmo assim não crêem.

Freqüentemente é o simples que pode salvar almas. Aqueles que são eloqüentes em pregar doutrinas podem corrigir as mentes das pessoas, mas são incapazes de salvar almas. O objetivo é salvar às pessoas, não corrigir as suas mentes. Qual é o proveito de ter uma mente correta, se o deixarmos sem salvação?

Mantenha uma atitude sincera e séria

Ao testificar, a nossa atitude deve ser sincera e séria, não dada à frivolidade. Não devemos discutir, mas apenas dar a conhecer os fatos do que experimentamos diante de Deus. Se permanecermos nesta posição, poderemos conduzir a muitos ao Senhor. Não trate de ter um grande cérebro; só sublinhe os fatos. Podemos brincar a respeito de outros assuntos, mas nesta matéria devemos ser sinceros.

Peça a Deus oportunidades

Devemos rogar a Deus que nos dê oportunidades de falar com as pessoas. Se orarmos, nos darão essas oportunidades. Algumas pessoas parecem ser difíceis de serem abordadas. Mas se você rogar por elas terá ocasião de lhes falar e elas serão mudadas.

Portanto, devemos aprender a orar e também a falar. Muitos não se atrevem a abrir a sua boca para falar do Senhor Jesus a seus amigos e familiares. Quem sabe as oportunidades o estejam aguardando, mas você as tem deixado escapar porque tem medo.

Procure pessoas de tua própria categoria

Segundo a nossa experiência, é preferível que as pessoas procurem salvar aquelas de sua própria categoria. Esta é uma regra comum. As enfermeiras podem trabalhar entre as enfermeiras, os doutores entre doutores, os pacientes entre pacientes, os funcionários públicos entre funcionários públicos, os estudantes entre estudantes. Trabalhe com aqueles que são mais próximos de ti. Não necessitas começar com reuniões ao ar livre, mas com a sua família e conhecidos. É natural para os doutores trabalhar com seus pacientes, os professores com seus estudantes, os patrões com os seus empregados, os amos com os seus servos.

Não digo que não haja exceções, pois há algumas. O nosso Senhor Jesus mesmo nos deu alguns exemplos excepcionais. No entanto, esta regra com respeito às pessoas da mesma categoria, no geral, é preferível. Que um mineiro pregue em uma universidade é excepcional. Ainda que o Senhor faça às vezes coisas excepcionais; contudo, ele não pode esperar fazer tais coisas diariamente. Por exemplo, não é muito apropriado para uma pessoa muito culta falar com os operários em um cais. Mas se alguns estivadores são salvos e saem para salvar o restante, parece-me um contato mais adequado e mais fácil.

Traga pessoas diante de Deus diariamente, através da oração

Nunca haverá um tempo em que não haja ninguém para se orar. Você pode orar por seus companheiros de estudo, por seu parceiro, seus colegas profissionais ou colegas de trabalho. Peça a Deus que ponha especialmente um ou dois deles em seu coração. Quando ele puser uma pessoa em seu coração, escreve o seu nome em seu registro e clame diariamente por ela.

Depois que tiver começado a orar por uma alma, deve também falar com aquela pessoa. Fale-lhe da graça do Senhor para ti. Isto é algo que não poderá resistir ou esquecer.

A tempo e fora de tempo

Finalmente, desejo mencionar que não é proibido falar com aqueles pelos quais não orou antes. Haverá alguns a quem falará quando os encontrar pela primeira vez. Aproveite cada oportunidade; fale a tempo e fora de tempo, porque você não sabe em quem prosperará. Deve abrir a sua boca freqüentemente, assim como deve orar sempre.

Clame por aqueles que você tem os nomes e clame por muitos cujos nomes você desconhece. Ore para que o Senhor salve pecadores. Quando te encontrares casualmente com um pecador, se o Espírito de Deus te mover, fale-lhe.

Traduzido do «Spiritual Exercise».
Christian Fellowship Publishers.