Os três evangelhos

"...segundo o meu evangelho..." (Romanos 16.25).

Uma coisa que me intrigou por muito tempo, é que como Paulo podia ter a ousadia de chamar o evangelho de seu evangelho. Paulo em Romanos, fala no capítulo 1, no verso 15, que gostaria de anunciar também aos romanos o evangelho.

De que evangelho ele fala, sendo que ele não escreve a pessoas incrédulas, que não conhecem ao Senhor Jesus, mas sim a irmãos em Cristo? E todos irmãos já amadurecidos como ele mesmo nos apresenta em Romanos capítulo 16!

A princípio vemos nas Escrituras o evangelho da graça: "Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus" (At. 20.24). Este evangelho nos fala de toda a graça de Deus que nos dada em Cristo naquela cruz. O evangelho da graça é Cristo crucificado, a Palavra da cruz: "Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus" (I Cor. 1.17-18).

Quando cremos no evangelho da graça, nascemos de novo e entramos no reino de Deus (João 3.3-5). Uma vez no reino, o Senhor nos apresenta o evangelho do reino. O evangelho da graça nos fala das boas novas em Cristo para a nossa salvação, o evangelho do reino nos fala das boas novas sobre o reino em Cristo: "E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino..." (Mat. 4.23).

Grande parte da pregação de Jesus foi sobre o evangelho do reino, o evangelho para os filhos de Deus. Se ouvirmos sobre o evangelho do reino antes de ouvir o evangelho da graça, corremos o risco de achar que a salvação é pelas obras, mas não. O evangelho da graça é toda a graça que nos foi dada por Deus em Cristo, já o evangelho do reino é para que os santos que estão em Cristo participem do Seu reino: "Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos; se sofrermos, também com ele reinaremos..." (II Tim. 2.11-12).

Agora chegamos ao terceiro evangelho, o evangelho de Paulo. Este evangelho que ele chama de seu evangelho, nada mais é do que a revelação do mistério que lhe foi dada por Deus, o mistério de Cristo que é a Igreja. As riquezas insondáveis em Cristo, a dispensação do mistério que esteve oculto por gerações: "A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo" (Ef. 3.8-9).

Não há três evangelhos, mas apenas um: o evangelho de Deus. As boas novas de grande alegria que Deus deu ao homem em Cristo; a justiça de Deus que é revelada de fé em fé.

Tanto o evangelho da graça, como o evangelho do reino e o evangelho de Paulo fala de tudo o que Deus nos deu em Cristo, o Filho do Deus vivo: "Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor" (Rom. 1.3-4).


Fonte: Águas Vivas

Caim e Abel

Qualquer que seja a religião que o homem professe, seja nova ou antiga, caracteriza-se fundamentalmente pela forma em que ensina a seus seguidores a aproximar-se de Deus. Ou lhes ensina a aproximar-se por suas obras, ou lhes ensina a aproximar-se pela fé; por seus próprios méritos, ou por meio de uma justiça externa.

Há na Bíblia dois homens, irmãos entre si, que representam essas duas posturas, essas duas formas de apresentar-se perante Deus. Um é Caim e o outro é Abel. Ambos, filhos de Adão e Eva.

Tanto Caim como Abel nasceram fora do jardim, depois da queda de seus pais. Ambos tinham herdado a mesma natureza pecaminosa daqueles. No entanto, à hora de apresentar-se perante Deus eles assumiram atitudes em sentidos opostos. A Palavra de Deus diz claramente que a diferença não fundamentou na diferente natureza desses homens, nem em nenhuma outra circunstância humana, somente nas oferendas que apresentaram. A oferenda falava claramente a respeito do que tinha no coração deles.

Em Hebreus 11:4 diz: "Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala". Caim ofereceu a Deus o fruto da terra. Isto, o que pode parecer louvável, não o era, porquanto a terra estava amaldiçoada. Por causa da queda de Adão, Deus tinha declarado seu juízo sobre a terra e sobretudo que tinha sido contaminado pelo pecado. De maneira que, ao oferecer uma oferenda da terra, ele desconhecia maliciosamente essa maldição. Deus tinha sacrificado um animal para cobrir a Adão e Eva, declarando a insuficiência das vestimentas confeccionadas por eles.

Agora, Caim menosprezava a forma como Deus atribuía justiça ao homem, apresentando uma oferenda incruenta, como se o homem nunca tivesse pecado, e como se Deus nunca tivesse declarado seu juízo para eles. A Bíblia diz em Hebreus que "sem derramamento de sangue não há remissão". Caim era pecador, e entre ele e Deus se interpunha a morte. No entanto ele ignorou tudo isto. Ele tratou Deus como se fosse seu igual, quem poderia aceitar a oferenda do campo maldito e passar por cima do seu pecado não confessado.

Abel, ao contrário, compreendeu que se tinha aberto um caminho até Deus por meio do sacrifício de Outro, e que as demandas da justiça e santidade de Deus foram satisfeitas mediante a substituição de uma Vítima sem defeito.

Esta é a doutrina da cruz, a única que Deus aprovou, e por meio da qual o pecador acha perdão e paz. Esta é também a única maneira em que Deus é glorificado. Abel entendeu que nenhuma de suas boas obras podia permitir-lhe o acesso a Deus. Assim também é como crê todo homem que foi tocado por Deus para ver sua extrema insolvência e para ver, ao mesmo tempo, a satisfação com que Deus olha o sacrifício de seu Filho. Cristo satisfez por completo todas as demandas divinas, e tirou do nosso meio o pecado.

Você pode ver a diferença entre Caim e Abel? Por que um foi recusado e o outro aceito? Se você segue o caminho de Caim será igualmente recusado; se segue o caminho de Abel, será igualmente aceito.

24 Marcas da Maturidade

1° Eles têm amor.

2° Eles são vazios de si mesmos.

3° Eles são totalmente entregues para Deus.

4° Eles não buscam a si mesmos.

5° Por não buscarem seus próprios objetivos eles obtêm verdadeiro contentamento.

6° Eles esperam em Deus para saberem o que Ele quer que façam e eles se esforçam ao máximo para cumprir a Sua vontade.

7° Eles, diariamente,abrem mão da suas vontades pela vontade de Deus.

8° Todas as suas capacidades são trazidas em sujeição a Deus.

9° Eles sempre tem o senso da presença de Deus em todas as coisas, quer doces ou amargas.

10° Eles recebem todo prazer e todo sofrimento não como advindas das criaturas de Deus, mas do próprio Deus.

11° Eles não se deixam cativar pela suas concupiscências por coisas criadas.

12° Eles nunca são movidos da verdade pela contradição ou infortúnios.

13° Eles não são enganados por falsas aparências mas consideram as coisas como realmente são, e isso num espirito de bondade e amor.

14° Eles estão armados com toda virtude, p rontos para lutar contra todo pecado e vício e obter a vitória e recompensa em todos os conflitos.

15° Eles observam o que Deus requer deles , ordenam suas vidas concordemente a isso e agem segundo aquilo que professam.

16° Eles são pessoas de poucas palavras,mas com muita vida interior.

17° Eles são irrepreensíveis e justos,mas não se ensoberbecem por causa disso.

18° Eles são retos e sinceros e pregam mais com suas ações do que com seus lábios.

19° Eles não tem nenhum outro alvo além da Glória de Deus.

20° Eles estão dispostos a serem repreendidos e abrirem mão dos seus direitos.

21° Eles não desejam sua própria vantagem e acham que as menores coisas já são boas demais para eles.

22° Eles se consideram menos sábios e dignos que outros homens e são humildes em tudo.

23° Eles copiam o exemplo do Senhor Jesus em todas as coisas e rejeitam tudo o que não é próprio para aqueles que seguem o Senhor.

24° E finalmente, se eles são desprezados por muitos, isso será muito mais bem vindo do que todo favor do mundo.

Carta à Bispa Evônia*


por Augustus Nicodemus Lopes


[*Nota – é mais uma carta ficticia, gênero que uso como maneira de tornar as minhas idéias mais interessantes para o leitor. Minha esposa não tem (ainda) nenhuma amiga que virou bispa.]

Minha cara Evônia,Minha esposa me falou do encontro casual que vocês duas tiveram no shopping semana passada. Ela estava muito feliz em rever você e relembrar os tempos do ginásio e da igreja que vocês frequentavam. Aí ela me contou que você foi consagrada pastora e depois bispa desta outra denominação que você tinha começado a frequentar.Ela também me mostrou os e-mails que vocês trocaram sobre este assunto, em que você tenta justificar o fato de ser uma pastora e bispa, já que minha esposa tinha estranhado isto na conversa que vocês tiveram. Ela me pediu para ler e comentar seus argumentos e contra-argumentos. Não pretendo ofendê-la de maneira nenhuma – nem mesmo conheço você pessoalmente. Mas faço estes comentários para ver se de alguma forma posso ser útil na sua reflexão sobre o ter aceitado o cargo de pastora e de bispa.Acho, para começar, que você ser bispa vem de uma atitude de sua comunidade para com as Escrituras, que equivale a considerá-la condicionada à visão patriarcal e machista da época. Ou seja, ela é nossa regra, mas não para todas as coisas. Ao rejeitar o ensinamento da Bíblia sobre liderança, adota-se outro parâmetro, que geralmente é o pensamento e o espírito da época.E é claro, Evônia, que na nossa cultura a mulher – especialmente as inteligentes e dedicadas como você – ocupa todas as posições de liderança disponíveis, desde CEO de empresas a presidência da República – se a Dilma ganhar. Portanto, sem o ensinamento bíblico como âncora, nada mais natural que as igrejas também coloquem em sua liderança presbíteras, pastoras, bispas e apóstolas.Mas, a pergunta que você tem que fazer, Evônia, é o que a Bíblia ensina sobre mulheres assumirem a liderança da igreja e se este ensino se aplica aos nossos dias. Não escondo a minha opinião. Para mim, a liderança da igreja foi entregue pelo Senhor Jesus e por seus apóstolos a homens cristãos qualificados. E este padrão, claramente encontrado na Bíblia, vale como norma para nossos dias, pois se baseia em princípios teológicos e não culturais. Reflita no seguinte.

1. Embora mulheres tenham sido juízas e profetisas (Jz 4.4; 2Re 22.14) em Israel nunca foram ungidas, consagradas e ordenadas como sacerdotisas, para cuidar do serviço sagrado, das coisas de Deus, conduzir o culto no templo e ensinar o povo de Deus, que eram as funções do sacerdote (Ml 2.7). Encontramos profetisas no Novo Testamento, como as filhas de Felipe (At 21.9; 1Co 11.5), mas não encontramos sacerdotisas, isto é, presbíteras, pastoras, bispas, apóstolas. Apelar à Débora e Hulda, como você fez em seu e-mail, prova somente que Deus pode usar mulheres para falar ao seu povo. Não prova que elas tenham que ser ordenadas.

2. Você disse à minha esposa que Jesus não escolheu mulheres para apóstolas porque ele não queria escandalizar a sociedade machista de sua época. Será, Evônia? O Senhor Jesus rompeu com vários paradigmas culturais de sua época. Ele falou com mulheres (Jo 8.10-11), inclusive com samaritanas (Jo 4.7), quebrou o sábado (Jo 5.18), as leis da dieta religiosa dos judeus (Mt 7.2), relacionou-se com gentios (Mt 4.15). Se ele achasse que era a coisa certa a fazer, certamente teria escolhido mulheres para constar entre os doze apóstolos que nomeou. Mas, não o fez, apesar de ter em sua companhia mulheres que o seguiam e serviam, como Maria Madalena, Marta e Maria sua irmã (Lc 8.1-2).

3. Por falar nisto, lembre também que os apóstolos, por sua vez, quando tiveram a chance de incluir uma mulher no círculo apostólico em lugar de Judas, escolheram um homem, Matias (At 1.26), mesmo que houvesse mulheres proeminentes na assembléia, como a própria Maria, mãe de Jesus (At 1.14-15) – que escolha mais lógica do que ela? E mais tarde, quando resolveram criar um grupo que cuidasse das viúvas da igreja, determinaram que fossem escolhidos sete homens, quando o natural e cultural seria supor que as viúvas seriam mais bem atendidas por outras mulheres (Atos 6.1-7).

4. Tem mais. Nas instruções que deram às igrejas sobre presbíteros e diáconos, os apóstolos determinaram que eles deveriam ser marido de uma só mulher e deveriam governar bem a casa deles – obviamente eles tinham em mente homens cristãos (1Tm 3.2,12; Tt 1.6) e não mulheres, ainda que capazes, piedosas e dedicadas, como você. E mesmo que reconhecessem o importante e crucial papel da mulher cristã no bom andamento das igrejas, não as colocaram na liderança das comunidades, proibindo que elas ensinassem com a autoridade que era própria do homem (1Tm 2.12), que participassem na inquirição dos profetas, o que poderia levar à aparência de que estavam exercendo autoridade sobre o homem (1Co 14.29-35). Eles também estabeleceram que o homem é o cabeça da mulher (1Co 11.3; Ef 5.23), uma analogia que claramente atribui ao homem o papel de liderança.

5. Você retrucou à minha esposa na troca de e-mails que nenhuma destas passagens se aplica hoje, pois são culturais. Mas, será, Evônia, que estas orientações foram resultado da influência da cultura patriarcalista e machista daquela época nos autores bíblicos? Tomemos Paulo, por exemplo. Será que ele era mesmo um machista, que tinha problemas com as mulheres e suspeitava que elas viviam constantemente tramando para assumir a liderança das igrejas que ele fundou, como você argumentou? Será que um machista deste tipo diria que as mulheres têm direito ao seu próprio marido, que elas têm direitos sexuais iguais ao homem, bem como o direito de separar-se quando o marido resolve abandoná-la? (1Co 7.2-4,15) Um machista determinaria que os homens deveriam amar a própria esposa como amavam a si mesmos? (Ef 5.28,33). Um machista se referiria a uma mulher admitindo que ela tinha sido sua protetora, como Paulo o faz com Febe (Rm 16.1-2)?

6. Agora, se Paulo foi realmente influenciado pela cultura de sua época ao proibir as mulheres de assumir a liderança das igrejas, o que me impede de pensar que a mesma coisa aconteceu quando ele ensinou, por exemplo, que o homossexualismo é uma distorção da natureza acarretada pelo abandono de Deus (Rm 1.24-28) e que os sodomitas e efeminados não herdarão o Reino de Deus (1Co 6.9-11)? Você defende também, Evônia, que estas passagens são culturais e que se Paulo vivesse hoje teria outra opinião sobre a homossexualidade? Pergunto isto pois em outras igrejas este argumento está sendo usado.

7. Tem mais, se você ainda tiver um tempinho para me ouvir. As alegações apostólicas não me soam culturais. Paulo argumenta que o homem é o cabeça da mulher a partir de um encadeamento hierárquico que tem início em Deus Pai, descendo pelo Filho, pelo homem e chegando até a mulher (1Co 11.3).[1] Este argumento me parece bem teológico, como aquele que faz uma analogia entre marido e mulher e Cristo e a igreja, “o marido é o cabeça da mulher como Cristo é o cabeça da igreja” (Ef 5.23). Não consigo imaginar uma analogia mais teológica do que esta para estabelecer a liderança masculina. E quando Paulo restringe a participação da mulher no ensino autoritativo –que é próprio do homem – argumenta a partir do relato da criação e da queda (1Tm 2.12-14).[2]

8. Você já deve ter percebido que para legitimar sua posição como bispa você teve que dar um jeito neste padrão de liderança exclusiva masculina que é claramente ensinado na Bíblia e na ausência de evidências de que mulheres assumiram esta liderança. Não tem como aceitar ser bispa e ao mesmo tempo manter que a Bíblia toda é a Palavra de Deus para nossos dias. E foi assim que você adotou esta postura de dizer que a liderança exclusiva masculina é resultado da cosmovisão patriarcal e machista dos autores do Antigo e Novo Testamentos, e que portanto não pode ser mais usada em nossos dias, quando os tempos mudaram, e as mulheres se emanciparam e passaram a assumir a liderança em todas as áreas da vida. Em outras palavras, como você mesmo confirmou em seu e-mail, a Bíblia é para você um livro culturalmente condicionado e só devemos aplicar dele aquelas partes que estão em harmonia e consenso com nossa própria cultura. Eu sei que você não disse isto com estas exatas palavras, mas a impressão que fica é que você considera a Bíblia como retrógrada e ultrapassada e que o modelo de liderança que ela ensina não serve de paradigma para a liderança moderna da Igreja de Cristo.Quando se chega a este nível, então, para mim, a porta está aberta para a entrada de qualquer coisa que seja aceitável em nossa cultura, mesmo que seja condenada nas Escrituras. Como você poderá, como bispa, responder biblicamente aos jovens de sua igreja que disserem que o casamento está ultrapassado e que sexo antes do casamento é normal e mesmo o relacionamento homossexual? Como você vai orientar biblicamente aquele casal que acha normal terem casos fora do casamento, desde que estejam de acordo entre eles, e que acham que adultério é alguma coisa do passado?Sabe Evônia, você e a sua comunidade não estão sozinhas nessa distorção. Na realidade esse pensamento é também popularizado por seminários de denominações tradicionais e professores de Bíblia que passaram a questionar a infalibilidade das Escrituras, utilizando o método histórico crítico, ensinando em sala de aula que Paulo e os demais autores do Novo Testamento foram influenciados pela visão patriarcal e machista do mundo da época deles. Só podia dar nisso... na hora que os pastores, presbíteros e as próprias igrejas relativizam o ensino das Escrituras, considerando-o preso ao séc. I e irremediavelmente condicionado à visão de mundo antiga, a igreja perde o referencial, o parâmetro, o norte, o prumo – e como ninguém vive sem estas coisas, elege a cultura como guia.Termino reiterando meu apreço e respeito por você como mulher cristã e pedindo desculpas se não posso me dirigir a você, em nossa correspondência pessoal, como “bispa” Evônia. Espero que meus motivos tenham ficado claros.

Um abraço,Augustus

NOTAS[1] Esse encadeamento hierárquico se refere à economia da Trindade e trata das diferentes funções assumidas pelas Pessoas da Trindade na salvação do homem. Ontologicamente, Pai, Filho e Espírito Santo são iguais em honra, glória, poder, majestade, como afirmam nossas confissões reformadas.[2] Veja minha interpretação desta passagem e de outras no artigo da Fides Reformata “Ordenação Feminina”.


A FESTA DAS CABANAS

Como nos ensina Paulo em Colossenses, no capítulo 2, nos versos 16 e 17, as festas de Israel são sombras, são figuras de Cristo. No 15º dia do sétimo mês, que para nós corresponde ao mês de outubro, porque no calendário judaico o primeiro mês é à partir de abril, da festa da páscoa, é comemorada a festa das cabanas, ou dos tabernáculos (Lev. 23.34). Esta é a última das festas anuais, das festas solenes para o povo de Israel mencionadas em Levítico 23, mas a primeira a ser referida por Deus depois da saída do Egito.

Isto porque a primeira jornada do povo de Israel, depois que saíram do Egito foi de Ramessés até Sucote (Num. 33.5). Sucote quer dizer 'cabanas', que tem o mesmo nome da festa das cabanas que em hebraico se chama 'sucot'. Isto nos traz algo revelador, porque depois da páscoa, que representa a obra sacrificial de Cristo na cruz, eles partiram no dia seguinte, isto é, dia 15 do primeiro mês, porque a páscoa foi no dia 14, de Ramessés e caminharam até Sucote. Isto nos ensina que à partir da regeneração, do nosso novo nascimento em Cristo que vem pela fé na obra sacrificial de Cristo na cruz, Deus quer que vivamos como Igreja, porque a festa das cabanas representa a comunhão de todos os santos, assim também como a comunhão final e eterna de Cristo e a Igreja.

Na festa das cabanas todos cortavam folhas de palmeiras e faziam cabanas no terraço, no pátio e no átrio do templo (Nee. 8.16). Nesta festa não se distinguia um pobre de um rico, um escravo de um livre, um jovem de um velho, um homem de uma mulher, casados, viúvas ou órfãos, mas todos eram um, um sem distinção. Assim é o coração do Senhor em sua festa após tomar um pecador como filho. A festa que começa no céu (Luc. 15.7), continua na comunhão dos santos, porque este é o sentido real da comunhão: uma festa solene.

Após a regeneração, a primeira jornada de um cristão é até Sucote, isto é, até a Casa de Deus, para estar em comunhão com os santos, na unidade do Corpo de Cristo, sem distinção alguma. Onde não há grego, nem judeu, escravo ou livre, bárbaro ou cita, mas todos são um em Cristo (Col. 3.11). Tudo aquilo que para o Senhor se tornou uma batalha, e depois em vitória, para nós terminou em festa. Sim, porque toda batalha para o Senhor resulta em festa para o seu povo.

Mas esta festa também nos traz mais coisas reveladoras. Como nos ensina João, no capítulo 1, no verso 14, quando diz que Jesus, que é o verbo que se fez carne, e habitou entre nós, no original grego significa que Jesus 'tabernaculou', ou habitou num tabernáculo entre os homens. Paulo também usa esta expressão para o nosso corpo quando diz: "Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus" II Coríntios 5.1.

Mas esta festa também traz ainda algo revelador, porque ela é comemorada pelos judeus (seguindo o calendário lunar) agora em outubro, e pela data, seria à partir do dia 15. Isto revela a época do nascimento de Jesus, do tempo que ele tomou um tabernáculo, que é o primeiro dia desta festa e que ao oitavo dia foi circuncidado, que representa a festa do primeiro ao oitavo dia (Lev. 23.39).

Mas como a saída do Egito, ela representa a primeira para o Senhor e para nós na realidade, e a última festa também, porque ela trata da volta de Cristo. Esta festa é a última do ano onde havia muita alegria e regozijo. Por isso é comparada a uma festa de casamento, e em Apocalipse no capítulo 21, nos versos 2 e 3, nos diz que a Igreja virá adereçada como uma noiva para o seu noivo, e o tabernáculo de Deus estará com os homens. Aleluia! Este tabernáculo de Deus é Cristo, e esta será a última e permanente festa: A comunhão do Senhor com a Sua Igreja gloriosa, sem mácula nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Diáfana como o cristal, como o cristal resplandecente (Apoc. 21.11).

Como podemos ver, a festa das cabanas é a última das festas, mas em nossa jornada ou carreira cristã ela é a primeira que o Senhor quer que nós gozemos. Porque aquilo que está prometido para um tempo ainda distante, para nós pode já ser uma realidade presente. A comunhão com o Senhor e a comunhão de uns com os outros, na unidade do Espírito é uma realidade que o Senhor deseja para nós. O nosso primeiro acampamento depois da regeneração é Sucote, é a Casa de Deus, a Igreja do Deus vivo, e será a última pela eternidade, de muita alegria e regozijo.

GRAÇA, MISERICÓRDIA E PERDÃO


Quantas vezes temos que perdoar o nosso irmão? Sete vezes em um dia? Jesus disse: "Até setenta vezes sete". Parece um absurdo? Para Deus não. Na parábola do credor incompassivo (Mateus 18.21-35), Jesus nos ensina isto.

Jesus por esta parábola faz primeiramente olharmos para nós. Quanto o Deus gracioso nos perdoou? Uma conta impagável: "(Pois a redenção da sua alma é caríssima, de sorte que os seus recursos não dariam)" Salmos 49.8.

Pela parábola, fazendo as contas, teríamos que viver 164.000 anos para pagar a dívida. Nem mesmo vendendo tudo o que tínhamos poderia saldá-la. Não é incoerência que aquele servo tenha pedido no v.26 paciência, para que pudesse pagar a sua dívida? Mas o senhor daquele servo, gracioso e cheio de misericórdia, entendendo que ele jamais poderia pagá-la, perdoou-lhe a dívida.

Não foi assim conosco também? O nosso Senhor, gracioso e cheio de misericórdia não riscou e escrito de dívida que havia contra nós naquela cruz? Sim, totalmente: "Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz"Colossenses 2.14.

Jesus continua dizendo que aquele servo, logo encontrou pelo caminho alguém que lhe devia 100 dias de trabalho. Apenas 100 dias. Se ele fosse cobrar antes, porque tinha uma dívida a ser paga, ainda seria aceitável, mas depois que foi imensamente perdoado!

No verso 30 o clamor do seu conservo foi o mesmo que a pouco ele mesmo tinha feito ao seu senhor, mas ele não quis, antes foi encerrá-lo na prisão.

Jesus então ensina que o senhor daquele servo quando soube, indignado, o entregou aos seus algozes até que pagasse tudo o que lhe devia. E nos diz: "Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas" (v35).

Fazendo mais alguns cálculos, caso esse servo perdoasse setenta vezes sete a dívida do seu conservo a cada dia, por um período de mais 50 anos, perdoando 490 vezes por dia, ainda assim a dívida do seu conservo seria cerca de 25 vezes menor que a sua.

O mistério da piedade, que nos fala Paulo em I Timóteo 3.16, nos ensina que o Deus gracioso, amoroso, misericordioso e bondoso se manifestou em carne. Jesus é a expressa imagem do seu Ser (Hebreus 1.3)

Em Jesus Cristo vemos toda a benignidade de Deus (Tito 3.4). Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Colossenses 2.9)

Este mistério da piedade continua. O Deus benigno, que se manifestou em carne e que foi justificado no espírito, agora quer manifestar a sua vida piedosa através do seu povo, da Sua Igreja (Efésios 2.10).

Temos que fazer esta conta para que avaliemos o quanto o nosso Deus foi gracioso e misericordioso conosco. E o quanto Ele quer manifestar por Cristo, a sua vida piedosa em nós. Misericórdia quero diz o nosso Senhor, e não sacrifício.

Agora "se alguém... não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe..." I Timóteo 6.1-2.

CHAMADOS PARA FORA

Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus. Porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo. Levítico 20:7 e 1 Pedro 1:16.
O assunto hoje é acerca da Igreja, a Igreja é a assembléia dos chamados para fora. Queria usar um tempo para mostrar aos irmãos de onde fomos chamados para fora. Vamos ler emGênesis 4:16 Retirou-se Caim da presença do SENHOR e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden.
Aqui mostra uma pessoa que se retirou da presença de Deus. Caim, filho de Adão e Eva, da primeira família que existiu na terra, foi aquele que matou Abel, seu irmão, por causa de inveja. Na verdade, não estou falando do crime. Todos que conhecem tal história ficam aterrorizados com o fato de Caim ter matado a seu irmão. Mas aqui, trata-se do fato de Caim sair da presença do Senhor, que é muito pior do que matar Abel. Se ele se arrependesse, o Senhor o perdoaria e ele poderia continuar na presença do Senhor. Mas ele não se arrependeu, e seu pecado maior foi retirar-se da presença do Senhor. Quando você sai da presença do Senhor, tudo o que você faz não provém de Deus, mas de você mesmo ou de Satanás. O homem, quando saiu da presença do Senhor, começou a construir algo para si mesmo. Por quê? Porque Deus era a alegria do homem, a segurança do homem. Mas agora ele não tem Deus e por isso tem que construir algo para substituir Deus. E coabitou Caim com sua mulher; ela concebeu e deu à luz a Enoque. Caim edificou uma cidade e lhe chamou Enoque, o nome de seu filho. Gênesis 4:17.
Após sair da presença de Deus, Caim edificou uma cidade. O homem fora de Deus constrói uma cidade. Enoque significa inauguração. Toda inauguração atrai pessoas. Espero que você não esteja aqui por nenhuma inauguração, pois não estamos inaugurando nenhuma “igreja”, a Igreja existe já dentro do coração de Deus. Todo aquele que creu em sua morte e ressurreição com Cristo e foi batizado é membro da Igreja. Não da “igreja denominação”, mas da Igreja de Cristo. Nós somos a Igreja! Aqui, Caim fez uma cidade. O homem sem Deus precisa de uma cidade para supri-lo. Leiamos Gênesis 4:19 Lameque tomou para si duas esposas: o nome de uma era Ada, a outra se chamava Zilá.
Quando é que o homem precisou de duas esposas? Quando saiu da presença do Senhor. Duas esposas é fruto do homem fora da presença de Deus. O homem fora de Deus é insaciável, pois vive pela sua carne, não tem alegria, não tem satisfação. A mesma coisa em João 4, vemos uma mulher que tivera cinco maridos, e o que agora tinha não era seu marido. Ela achava que o que ela precisava era marido, mas não era! O que falta é Cristo em nossa vida! Não falta marido, mas Cristo! O que precisamos é da presença do Senhor, em Sua presença somos pessoas normais, pessoas satisfeitas, e valorizamos o que o Senhor nos dá. Vamos ler mais um versículo em Gênesis 4:20. Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado.
Fora da presença de Deus o homem começou a construir tendas e a criar gado. Gado para comer. Antes Deus dava tudo que o homem necessitasse. Mas, depois que o homem saiu da presença dEle, ele passou a criar gado para comer, pois Deus não mais o alimentava. Também construiu tendas para a sua moradia, pois Deus não era mais a sua habitação. Agora vejam que interessante o verso 21 de Gênesis 4: O nome de seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta.
Vejam, esses instrumentos são muito antigos, a primeira família da terra já tocava harpa e flauta, para haver música, para se alegrar, pois Deus não era mais a sua alegria. Essa é a origem da música. Não estou falando do louvor, mas da música, a qual é fruto do homem fora da presença de Deus, pois o homem queria se alegrar. Vamos ler Gênesis 4:22 Zilá, por sua vez, deu à luz a Tubalcaim, artífice de todo instrumento cortante, de bronze e de ferro; a irmã de Tubalcaim foi Naamá.
Instrumentos cortantes são as armas, lanças, facas; tudo para se defender, porque Deus não era mais a sua segurança. O homem sem Deus perdeu a segurança, perdeu a alegria, perdeu a habitação e perdeu o sustento. Veja se não é exatamente isso o que vemos hoje nessa terra. O homem correndo atrás da sua tenda, do seu gado, da sua segurança e da sua própria alegria. Tudo isso é fruto do homem fora da presença de Deus. Agora vamos ler o verso 23 de Gênesis 4: E disse Lameque às suas esposas: Ada e Zilá, ouvi-me; vós, mulheres de Lameque, escutai o que passo a dizer-vos: Matei um homem porque ele me feriu; e um rapaz porque me pisou. Lameque conta algo que ele achava muito bom, conta como é que foi o dia dele. Isso havia se tornado normal e comum, exatamente como nos dias de hoje. Se pisar em alguém, você tem que pedir perdão e depois sair correndo, todo mundo quer se matar. Esse mundo aqui, criado, foi envolvendo o homem até se tornar um sistema. O que o mundo apresenta hoje? Não é a segurança? O homem criou instrumentos cortantes para se defender, criou música para se alegrar, gado pra comer, tenda para morar e foi indo para longe de Deus. Cada vez que o homem constrói algo ou consegue algo, mais para longe de Deus ele vai. Este mundo material é para tirar o homem da presença de Deus. Caim, quando saiu da presença de Deus, edificou uma cidade, tamanha era a fome no seu interior, o buraco no seu interior.Eclesiastes 3:11 Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.
Entre num shopping, tudo o que tiver ali você vai precisar. Uma loja de roupa, uma loja de cosmético, uma loja de pratos e panelas, uma loja de mobília, uma loja de sapato, tudo você precisa! Incrível! Cabe tudo em você! É um buraco que tem dentro do homem que só uma pessoa pode preencher: Cristo! Enquanto Ele não entrar em sua vida você continuará com essa fome! É a falta de Deus. O homem foi se distanciando, até que nasceu outra geração. Adão gerou dois filhos. Uma foi para longe de Deus e a outra se aproximou de Deus.Gênesis 4:25-26 Tornou Adão a coabitar com sua mulher; e ela deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Sete; porque, disse ela, Deus me concedeu outro descendente em lugar de Abel, que Caim matou. A Sete nasceu-lhe também um filho, ao qual pôs o nome de Enos; daí se começou a invocar o nome do SENHOR.Segundo alguns estudiosos, Enos, significa: fraco, frágil e mortal, exatamente o que nós somos. Eu invoco porque sou frágil, fraco e mortal. Não foi ontem que se começou a invocar o nome do Senhor, não é uma ideia nossa, é uma prática bíblica. É chamar ao Senhor! Se você chamar a desgraça para a sua vida, ela vem. Mas nós invocamos o nome do Senhor! Oh! Senhor Jesus! Cozinhando, lavando roupa, dirigindo, trabalhando, você pode dizer: Senhor Jesus! Você tem que escolher se você quer uma inauguração ou se você quer o nome do Senhor. Salmos 18:1-6 Eu te amo, ó Senhor, força minha. O Senhor é a minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador, o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu baluarte. Invoco o Senhor, digno de ser louvado, e serei salvo dos meus inimigos. Laços de morte me cercaram, torrentes de impiedade me impuseram terror. Cadeias infernais me cingiram, e tramas de morte me surpreenderam. Na minha angústia, invoquei o Senhor, gritei por socorro ao meu Deus. Ele do seu templo ouviu a minha voz e o meu clamor lhe penetrou aos ouvidos. Uma vez que cremos em nossa morte com o Senhor Jesus na cruz, perdemos a nossa filiação com o mundo e o diabo. Deus nos fez seus filhos através daquele sacrifício de nosso Senhor na cruz. Fomos chamados para fora e isso é a Igreja do Senhor. Chamado para fora de onde? Para fora de todo sistema, seja ele mundano, seja ele religioso. É fácil você perceber que o Senhor te chamou do mundo do pecado, da bebida, da droga, do sexo, da ganância, dos seus prazeres para a Igreja que é o Seu Corpo. Ele chama pelo nome as Suas próprias ovelhas. Isso significa que em um aprisco nem todas as ovelhas são dEle, há algumas que pertencem ao próprio aprisco, a denominação. As que pertencem ao Senhor ouvem à Sua voz e vão para fora! Ele chama pelo nome! Imagina o Senhor Jesus entrando no aprisco, olhando 200 ou 300 ovelhas, e Ele não se confunde, Ele chama pelo nome as que Lhe pertencem. As que pertencem ao Senhor: vem para fora! Para fora! Amém.